segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Na grafonola do Marsupilami | Blind Charge

Os próximos convidados, chegam-nos da cidade Invicta, o Porto. São amantes compulsivos de música, e encaram-na de uma forma apaixonada e extremamente sincera. Com cerca de cinco anos de existência, estão precisamente num ponto de viragem, que todos conhecerão em breve aquando do lançamento dos dois EP's que os Blind Charge estão a acabar de preparar. O Marsupilami, quis saber algo mais sobre eles, e convidou-os para um café e uma troca de palavras. O local, foi uma esplanada bastante popular do Porto. Um final de tarde fresquinho, foi o pano de fundo para a conversa com um dos elementos da banda, o Pedro Ferraz (vocalista), conversa essa que podem ler já de seguida...

Antes de mais obrigado aos Blind Charge por aceitarem responder a algumas perguntas que vos queria fazer.

Quem são os Blind Charge, e como é que tudo começou?

Os Blind Charge neste momento são quatro pessoas. Sou eu, o meu primo (Telmo Martins) que é o guitarrista, o Daniel Ferreira que é o baterista e o Márcio Pereira que está no baixo.
Tudo começou comigo e com o meu primo que partilhamos este gosto pela música, e decidimos formar uma banda. Para isso, procuramos outras pessoas que também partilhassem esse mesmo gosto pela música. A partir daí começa-mos a fazer uns ensaios, e começamos a tentar concretizar em músicas, as nossas ideias.

Havia algum objectivo em especial na altura?

Não, tudo começou pelo amor à música. Na altura, a banda mais influente, e que nos levou a querer fazer algo mais forte, foi a banda de rock inglesa Oásis, que eu e o meu primo gostávamos bastante e que acabou por ser a nossa primeira grande influência. A partir daí, começamos a ensaiar os dois, a ter contacto mais directo com o rock, etc. Com o tempo os gostos foram mudando, apareceram outras influências, até chegarmos onde estamos agora…

A nível de concertos, já deram alguns concertos…

Já temos mais de meia centena de concertos. No primeiro ano, demos vários concertos, no segundo ano demos menos, porque achamos que era altura de parar e solidificar as coisas. Nos últimos dois anos, foi quando demos mais concertos. Neste momento estamos parados à oito meses, porque decidimos que era altura de solidificar de novo as coisas. Também tivemos a saída de um membro da banda, mas uma coisa que quero dizer, é que estamos bastante fortes, estamos com bastante gosto naquilo que estamos a fazer e prometemos várias surpresas nas músicas novas.

Como tem sido a reacção das pessoas ao vosso som, às vossas músicas?

As pessoas têm reagido bastante bem… O sítio onde tocamos mais foi no Porto e arredores. No entanto, já chegamos a fazer incursões por outros locais, tais como Vila do Conde, Aveiro, Águeda e o momento mais alto terá sido na Festa do Avante, no Seixal, onde tocamos para muita gente e onde tivemos uma reacção bastante boa. Por acaso, é engraçado a quantidade de pessoas que nos acompanham da zona de Lisboa. Fomos tocar apenas essa vez no Seixal, à coisa de dois anos, e tivemos muita gente que nos encomendou EP’s, t-shirt’s, que nos fez propostas de concertos… Aqui no Porto é os amigos, as pessoas que se interessam e que vão aparecendo… No geral, têm sido reacções bastante positivas.

Por falar em concertos, achas que existem locais, tanto em qualidade como em quantidade, para uma banda como os Blind Charge se apresentarem ao vivo, quer no Porto, quer no país em geral?

É assim, vai havendo alguns sítios para tocar, mas a nível de qualidade de som a percentagem é muito baixa. Deveria de haver também, era mais incentivos para as bandas, especialmente a nível monetário, já que é difícil uma banda sustentar-se através de concertos. Normalmente, esses incentivos, cingem-se por uma percentagem das entradas e isso depende de muitos factores. Mas com o tempo as coisas têm tendência a melhorar, e acho que têm melhorado nos últimos tempos.
No Porto há alguns sítios onde gosto de tocar, apesar de que normalmente onde se ganha mais dinheiro é nas “terrinhas”, onde costumam pagar um jantar do carago mesmo (risos), e onde regra geral costumam pagar melhor.

Qual é a tua opinião em relação à net vs música que se vive hoje em dia? Achas que ajuda, ou prejudicar mais uma banda como os Blind Charge?

Eu acho que acaba sempre por ajudar mais, já que se trata de um meio de difusão que até há pouco tempo não existia, e que faz com que qualquer banda possa ser ouvida em qualquer parte do mundo. Temos o caso do Myspace, que é o site mais conhecido a nível de música, e onde temos reacções da Índia, do Paquistão, do Japão, da Tailândia, etc. Temos reacções de pessoas de culturas bastante diferentes onde nunca pensamos chegar, e através da Internet conseguimos isso. Temos também o caso dos Artic Monkeys, por exemplo, e que através do Myspace conseguiram singrar. Eu acho que só há vantagens…

Tivemos recentemente o caso dos Radiohead, que colocaram disponível o álbum pela net, temos os casos de bandas gigantes a deixar a gigante EMI…

Isso a nível de editoras, não sei até que ponto o formato actual de editora não estará a acabar. O caso dos Radiohead, acho que foi uma atitude inovadora. Gostava de ter uma posição em que pudesse fazer o mesmo. É preciso ter um certo estatuto para poder faze-lo, mas acho que foi mais um abanão para as editoras, para que abram os olhos e tentem ir por outros lados, e não irem só pelo lado comercial.

Achas que haverá possibilidade de os Blind Charge lançarem um trabalho pela net, totalmente gratuito?

É assim, as gravações que efectuamos, a despesa é nossa e monetariamente não estamos assim tão bem que possamos esbanjar esse tipo de dinheiro. Mas, à nossa maneira vamos disponibilizando as nossas músicas. No nosso Myspace temos as músicas da nossa maquete, e nos concertos vamos oferecendo maquetes a quem nos vai ver… Por isso, acabamos sempre, à nossa maneira, por disponibilizar a nossa música.

Que querem transmitir com o vosso som, as vossas músicas?

Não nos considero uma banda revolucionária, que queira mudar o mundo, não sinto que queiramos ter esse estatuto. Nós somos apenas uns miúdos que gostam muita da música que fazem, que adoram música e que apenas querem que nos respeitem pelo facto de a nossa música ser sincera. O que transmitimos com o nosso som e as nossas letras, são situações do dia-a-dia, algumas mais sociais, sobre alguns casos sociais que nos revoltam um bocado e que acabam por revoltar qualquer ser humano. Como temos a música como ferramenta para difundir isso, usamo-la, mas sem nenhum caris político ou caris revolucionário

Mais numa de se divertirem, de uma forma séria…

Exacto, divertirmo-nos de uma forma séria, e tentar tirar o máximo proveito dos concertos, do público, dos sítios onde vamos tocar, etc. Queremos aproveitar bem isto, já que se trata de uma coisa bastante séria para nós e porque investimos bastante tempo na banda, o que é complicado para uma banda como o nosso caso, onde quase todos trabalham e estudam. E sendo eu o único que apenas estudo, é de louvar os outros membros da banda que se disponibilizam para ensaios de 3 a 4 horas, 4 vezes por semana, ou para gravações que chegam a durar até às 7 da manhã, como já aconteceu muitas vezes. É preciso gostar bastante do que se faz, não se trata só de fotografias e flash…

Que achas do actual panorama musical português?

Acho que está bastante bom. Aparecem cada vez mais bandas e cada vez com mais qualidade e em diferentes estilos. Acho que existem bandas muito boas, ao nível do underground. Ao nível do mainstream hà bandas que merecem respeito, mais que qualidade merecem respeito, pelo menos da maneira como se conseguem manter no maisntream que nunca é fácil. Mas, ao nível do underground encontra-se qualidade que deveria de ser mais reconhecida. Dou o caso de uma banda que sai connosco, que são os nossos irmãos da música, são eles os Chemical Wire e que têm uma qualidade bastante elevada. Depois temos muitas outras bandas, que metade delas são nossas amigas e que nos influenciam de alguma maneira, são o caso dos Quetzal's Feather, dos Solid, dos Conceito:Pele, dos Homem Mau, dos Budhi… Actualmente, existem muitas bandas com enorme qualidade.

Qual a tua opinião em relação ao estado geral do país? Sei que não gostas de politica, mas…

Em relação à política não ligo muito, cada um tem a sua opinião e acho que é preciso uma maturidade muito grande para falar de “boca cheia”. Em todo o caso acho que Portugal é um país bastante bom para viver, apesar de tudo. A nível político, há várias medidas que não concordo, mas lá está, se as pessoas estão lá é por algum motivo. Posso até fazer até uma analogia com o Top Português (a nível de vendas de discos). Se eles estão lá é porque alguém comprou, se alguém comprou por algum motivo foi. Se conseguem mover massas, justifica-se.

E agora, qual o futuro dos Blind Charge?

O futuro, esperamos que seja ainda com mais força. Estamos a gravar 2 EP’s que estamos a pensar lançar em alturas distintas. Não quero estar a adiantar datas, mas o primeiro está quase pronto a ser lançado. Agora esperamos que as pessoas gostem do nosso trabalho, do tempo e suor que investimos, pois foram músicas que nos deram bastante gozo gravar e fazer, e estamos ansiosos para que as pessoas as ouçam. Acho que vamos surpreender as pessoas que nos conheciam e vamos tentar chegar às pessoas que ainda não nos conhecem.

Última pergunta: qual a tua personagem de banda desenhada preferida? (risos)

Por acaso tenho muitas, posso só dizer uma? (risos)

Não, pode ser mais que uma…

Sou um bocado clássico a nível de banda desenhada. Gosto bastante do Tio Patinhas, Mickey, da Mónica e do Astérix… Essas são as que mais gosto! (risos)

Curiosidades:

Porque o nome Blind Charge?

O nome Blind Charge surgiu porque queríamos um nome que captasse a essência do que fazemos e achamos que Blind Charge, descarga cega, trata-se de algo que define o nosso som que é uma descarga de sentimentos e de energias acumuladas durante o dia-a-dia, durante situações que vivemos e de que gostamos ou não… Lá está, tem a ver com a sinceridade com que encaramos a música. Para nós o palco ou a sala de ensaio, funciona como uma descarga de sentimentos e energia.

Influências?

Cada membro da banda tem as suas, mas as mais comuns será: Tool, A Perfect Circle, Deftones, Muse…

Bandas nacionais que tens ouvido?

If Lucy Fell, Riding Pânico, More Than A Thousand, Conceito:Pele, e estou a aguardar coisas que vêm aí, caso dos Chemical Wire, SOlid, Slow Motion Beer Walk, Homem Mau, etc…

Concerto marcante?

O de Avante, pelo mediatismo. Depois, também tocamos em alguns sítios engraçados. Tocamos, por exemplo, numa festa privada em casa de um colega nosso, que foi engraçado. Tocamos numa casa de fados, que é um sítio bastante estranho para uma banda rock tocar. Ainda mais sítios estranhos e apesar de não ser unânime na banda mas de que eu gostei bastante de tocar, foi no Fórum da Maia. Fomos convidados para um concurso de bandas, onde fomos a banda convidada, e o estilo das bandas era pop/rock. Estavam na assistência as famílias todas das bandas e tal, e gostei bastante da reacção das pessoas à nossa actuação. Entramos um bocado a medo, mas acabou por correr bem e tivemos aplausos e deram-nos os parabéns no fim... Foi diferente. (risos)

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