Os a Jigsaw são um projecto quente, que pegando nas velhas fórmulas de se fazer boa música, criam á sua própria maneira excelentes canções. “Letters From The Boatman”, o álbum de estreia da banda, é o exemplo fiel disso mesmo. As suas prestações ao vivo são ao que parece, invulgares, mas que não deixam ninguém indiferente, fazendo com que o ambiente seja de festa e boa música. O Marsupilami sentiu necessidade de saber um pouco mais sobre estes senhores e senhora, e assim sendo, fez-lhes algumas perguntas. Quanto ás respostas, podem as ler duas linhas abaixo…
Antes de mais obrigado aos a Jigsaw por aceitarem responder a algumas perguntas que vos queria fazer. Obrigado.
Quem são os a Jigsaw?
Quem são os a Jigsaw?
Neste momento, os a Jigsaw são três: João Rui (guitarras, banjo, harmónica e bandolim), Jorri (baixo e percussões) e o elemento mais recente a Susana Ribeiro (violino, melódica, glockenspiel e harmonium).
Quando e como é que tudo começou? Qual era o objectivo quando decidiram formar os a Jigsaw?
Quando e como é que tudo começou? Qual era o objectivo quando decidiram formar os a Jigsaw?
A única data que temos como referência é o dia 2 de Dezembro de 1999, altura em que o Jorri entrou para a formação que tínhamos na altura. Pouco depois é que escolhemos o nome da banda. Quanto ao objectivo, era simples: criar música.
Lançaram há cerca de 2 meses o vosso álbum de estreia “Letters From The Boatman”, e pelo que me dá a entender, tem sido bem aceite por parte da imprensa nacional. Como está a ser o feedback do público em geral?
Lançaram há cerca de 2 meses o vosso álbum de estreia “Letters From The Boatman”, e pelo que me dá a entender, tem sido bem aceite por parte da imprensa nacional. Como está a ser o feedback do público em geral?
O feedback do público em relação ao CD, está a ser muito, muito bom, as pessoas ficam um bocado surpreendidas, porque o nosso EP era pop rock e o single de apresentação do álbum, a música “Lion’s Eyes Louder”, é também mais directa, mais radiofónica… mas depois de ouvirem o CD mais que uma vez começam a “entranhar” o som…
Há depois o feedback em relação aos concertos que temos dado, aí o feedback é igualmente positivo, mas no início as pessoas estranham, principalmente quem conhece o álbum, porque vê 3 pessoas num palco, com uma constituição em relação aos instrumentos, um bocado fora do vulgar… mas no fim já entrou dentro do espírito das músicas.
Que querem transmitir a quem vos ouve, com este álbum?
Há depois o feedback em relação aos concertos que temos dado, aí o feedback é igualmente positivo, mas no início as pessoas estranham, principalmente quem conhece o álbum, porque vê 3 pessoas num palco, com uma constituição em relação aos instrumentos, um bocado fora do vulgar… mas no fim já entrou dentro do espírito das músicas.
Que querem transmitir a quem vos ouve, com este álbum?
Com este álbum, e após o EP “From Underskin – 2004” há um conceito muito forte subjacente a todo o trabalho da banda. Para se dizer em poucas palavras do que trata, basta trautear o refrão da música que dá o título ao álbum: “letters from the boatman, that i have kept”.
Cada música é uma carta que o Barqueiro escreveu e que os a Jigsaw guardaram. Mas não é um barqueiro vulgar: é verdade que ele atravessa almas no rio mas também não é a estátua inabalável de que se tem ideia: é um Barqueiro um pouco mais humano – ou demasiado humano, com dúvidas, sonhos e remorsos. Isto ao nível lírico.
Em termos sonoros, o álbum exprime duas faces da banda. A primeira em que se nota as influências de um rock mais antigo, ainda próximo do folk e dos blues, sem no entanto soar como se fora gravado na altura em que este tipo de som nasceu. Na outra face, revelam músicas com um cariz mais simples e intimista, onde a guitarra acústica é o timoneiro.
Enfim, acho que queremos apenas transmitir esta música: a música…
Tenho reparado que Coimbra está bastante activa a nível musical (pelo menos). Coimbra é realmente uma cidade inspiradora? Para além da cidade, onde vão os a Jigsaw buscar a inspiração para a vossa música?
Cada música é uma carta que o Barqueiro escreveu e que os a Jigsaw guardaram. Mas não é um barqueiro vulgar: é verdade que ele atravessa almas no rio mas também não é a estátua inabalável de que se tem ideia: é um Barqueiro um pouco mais humano – ou demasiado humano, com dúvidas, sonhos e remorsos. Isto ao nível lírico.
Em termos sonoros, o álbum exprime duas faces da banda. A primeira em que se nota as influências de um rock mais antigo, ainda próximo do folk e dos blues, sem no entanto soar como se fora gravado na altura em que este tipo de som nasceu. Na outra face, revelam músicas com um cariz mais simples e intimista, onde a guitarra acústica é o timoneiro.
Enfim, acho que queremos apenas transmitir esta música: a música…
Tenho reparado que Coimbra está bastante activa a nível musical (pelo menos). Coimbra é realmente uma cidade inspiradora? Para além da cidade, onde vão os a Jigsaw buscar a inspiração para a vossa música?
A cidade acaba por ser inspiradora no sentido em que há uma grande afluência de pessoas de fora, por causa da Universidade. Aliás, só uma das pessoas da banda é de facto nativa, o resto da banda não é propriamente da cidade. E talvez seja esta convergência de pessoas o que leve à criação de tantas bandas. Tem também outros atributos de renome como a rádio RUC e o programa Santos da Casa do Nuno Ávila e Fausto Silva, dedicado à promoção de bandas nacionais, que é dos mais antigos da rádio que desde o princípio nos apoiou. Agora onde vamos nós buscar inspiração… a tudo, a nada, Tom Waits, Nick Cave, Johnny Cash, Rimbaud, Pessoa, Howe Gelb.
Estão neste momento na fase da divulgação do vosso trabalho. Concordam que esta é das fases mais complicadas de uma banda? E têm tido dificuldades nesse campo?
Estão neste momento na fase da divulgação do vosso trabalho. Concordam que esta é das fases mais complicadas de uma banda? E têm tido dificuldades nesse campo?
Sim, claro que concordamos, o trabalho não é fácil, mas nós com os meios que temos à nossa disposição trabalhamos por fazer o melhor. Em relação a ser complicado para todas as bandas, acho que muitas bandas não encaram esta fase com o profissionalismo, ou melhor com a seriedade que ela tem que ter, e no futuro as bandas têm que começar a dar esse trabalho a quem é profissional da área, sejam promotores, assessores de imprensa, free lancers, etc… cada vez mais a música tem que ser profissionalizada, o músico tem que cada vez tocar melhor e dedicar-se mais a isso e deixar as outras coisas para quem faz isso melhor, seja o management, o booking, etc.
Cada vez mais a net é um aliado poderoso nesse campo. Concordam com esta afirmação? E qual a vossa opinião em relação à música vs net que se vive hoje em dia?
Cada vez mais a net é um aliado poderoso nesse campo. Concordam com esta afirmação? E qual a vossa opinião em relação à música vs net que se vive hoje em dia?
Sim a net veio ajudar a divulgar as bandas, principalmente as bandas que não optam pela estrutura que eu referi anteriormente… A net veio aproximar mais as bandas que não têm editora, as denominadas bandas de garagem… mas não concordo que haja algum tipo de guerra, simplesmente acho que o mercado ainda se está a adaptar a todas as novas tecnologias.
Acham que era possível os a Jigsaw lançarem um álbum totalmente gratuito via net?
Acham que era possível os a Jigsaw lançarem um álbum totalmente gratuito via net?
Sim, perfeitamente possível. A pergunta é pertinente porque vem no seguimento da edição do album dos Radiohead gratuitamente, agora a resposta é mais complicada, portanto, no seguimento da primeira resposta: sim é possível mas não um album nos termos deste que acabamos de editar. Nós enquanto fãs de música gostamos do objecto em si, dos vinis, dos digipacks, portanto ter apenas o album em formato digital era algo que francamente nos ia desiludir. Já o que seria possível era a edição de um album via net, mas um que fosse específicamente para esse efeito, de versões diferentes, ou ao vivo. E para terminar, essa edição dos Radiohead resulta na perfeição devido à dimensão que eles já têm. O facto deles distribuirem o album gratuito é noticia de jornais. Se fosse uma banda indie como nós a fazê-lo seria uma curiosidade de rodapé.
Acham que existem locais, tanto em qualidade como em quantidade, quer em Coimbra, que no resto do país em geral, para uma banda como os a Jigsaw se mostrar ao vivo?
Acham que existem locais, tanto em qualidade como em quantidade, quer em Coimbra, que no resto do país em geral, para uma banda como os a Jigsaw se mostrar ao vivo?
Em Coimbra há no momento uma grande falta de espaços de qualidade e quantidade, mas no resto do país existe já um circuito curioso para se mostrar ao vivo o trabalho de bandas como nós. Claro que ainda há muito a fazer neste sentido de modo a criar o hábito nas pessoas de sairem para ver concertos.
Que acham do actual panorama musical português?
Que acham do actual panorama musical português?
No momento atravessamos um bom momento no que diz respeito à criação de música. Temos aí o Sérgio Godinho que lançou no ano passado um album fantástico, o Jorge Palma que tem agora o maior sucesso da carreira dele, e ora lá está, Coimbra: temos o Legendary Tigerman e os Wraygunn com material novo, os Bunny Ranch, o JP Simões e o Sean Ryley & The Slowriders também em estreia.
E do estado geral do nosso país?
E do estado geral do nosso país?
Neste momento e até ao final do ano, o objectivo é continuar a dar estes pequenos concertos, que servem para as pessoas nos conhecerem, mas principalmente para nós enquanto músicos e banda, vermos o que está mal, o que funciona bem e o que funciona mal, reacção do público ás novas músicas… e continuar também a promover o álbum nos media, rádios, jornais, tv, tanto nacionais, como locais e regionais, porque achamos que é uma ferramenta muito importante para não a usarmos.
Para o ano, e tendo em conta que o álbum vai ser editado na Alemanha, Áustria e Suiça, vamos começar a nossa internacionalização, que vai ser um grande objectivo que começa no próximo ano, mas que vai ser um objectivo a médio longo prazo, ou seja preparar as coisas, tanto em Portugal, como lá fora, para depois vir um álbum novo, talvez em 2009.
E uma última pergunta, qual a personagem de banda desenhada preferida?
Para o ano, e tendo em conta que o álbum vai ser editado na Alemanha, Áustria e Suiça, vamos começar a nossa internacionalização, que vai ser um grande objectivo que começa no próximo ano, mas que vai ser um objectivo a médio longo prazo, ou seja preparar as coisas, tanto em Portugal, como lá fora, para depois vir um álbum novo, talvez em 2009.
E uma última pergunta, qual a personagem de banda desenhada preferida?
João Rui – Avô Metralha
Jorri – Wolverine
Susana Ribeiro – Super Pateta
Curiosidades:
Porquê o nome a Jigsaw?
Jorri – Wolverine
Susana Ribeiro – Super Pateta
Curiosidades:
Porquê o nome a Jigsaw?
Na altura em que escolhemos o nome da banda uma das nossas grandes influências era e é a banda belga dEUS. Portanto, como eles roubaram o nome de uma música das Sugarcubes (Bjork) nós roubámos de uma música dos dEUS (Jigsaw you, do álbum Worst Case Scenario)
A formação foi sempre a mesma?
Já teve diversas formações:
Tudo começou com o João Rui, Jorri, Filipe Castilho e Gonçalo, na formação típica de voz, 2 guitarras, baixo e bateria, mas depois a banda foi sofrendo várias alterações. Quando gravamos o EP, já tínhamos o Cardoso em vez do Gonçalo na guitarra, e mais tarde quando parámos para compor este álbum “Letters From The Boatman”, o Filipe tinha acabado de sair, ficando a banda reduzida a um trio, 2 guitarras, voz e baixo…
Todas as mudanças na formação foram muito importante no caminho que a banda foi tomando, tanto em termos de encarar cada vez as coisas com mais seriedade, como foi amadurecendo o seu estilo musical, e isso nota-se bastante neste álbum, principalmente quando o comparamos com o EP que editamos em 2004…
Por fim e já depois do álbum estar gravado, o Cardoso por várias razões decidiu deixar a banda, que ficou momentaneamente reduzida a dois dos elementos da sua formação de 1999, mas por pouco tempo, porque já nessa altura a Susana Ribeiro, que tinha sido um dos convidados para o álbum, vinha regularmente ensaiar connosco e de forma natural passou a fazer parte da banda, que assim se tornou novamente um trio.
Influências?
Tudo começou com o João Rui, Jorri, Filipe Castilho e Gonçalo, na formação típica de voz, 2 guitarras, baixo e bateria, mas depois a banda foi sofrendo várias alterações. Quando gravamos o EP, já tínhamos o Cardoso em vez do Gonçalo na guitarra, e mais tarde quando parámos para compor este álbum “Letters From The Boatman”, o Filipe tinha acabado de sair, ficando a banda reduzida a um trio, 2 guitarras, voz e baixo…
Todas as mudanças na formação foram muito importante no caminho que a banda foi tomando, tanto em termos de encarar cada vez as coisas com mais seriedade, como foi amadurecendo o seu estilo musical, e isso nota-se bastante neste álbum, principalmente quando o comparamos com o EP que editamos em 2004…
Por fim e já depois do álbum estar gravado, o Cardoso por várias razões decidiu deixar a banda, que ficou momentaneamente reduzida a dois dos elementos da sua formação de 1999, mas por pouco tempo, porque já nessa altura a Susana Ribeiro, que tinha sido um dos convidados para o álbum, vinha regularmente ensaiar connosco e de forma natural passou a fazer parte da banda, que assim se tornou novamente um trio.
Influências?
Fora as que já mencionámos, mas há sempre espaço para falar do Leonard Cohen, Andrew Bird, Iron & Wine, M. Ward, Pavement.
Bandas nacionais que têm ouvido?
Fora as que já mencionámos, Born a lion, Mazgani, Norton, Norberto Lobo, Electric Willow, Peixe-Avião, e muitas outras.
Bandas nacionais que têm ouvido?
Fora as que já mencionámos, Born a lion, Mazgani, Norton, Norberto Lobo, Electric Willow, Peixe-Avião, e muitas outras.
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