quinta-feira, 18 de junho de 2009

Obsessividade Intermitente | 4

logo-obsessividadeEspeculativa4Não há estrada mais forte que a estrada que nos come o tempo para não fazermos o que nos é de direito. Há tudo e nada de não fazer desculpas para criar problemas para a lembrança depressa desaparecer.

Pois, de facto, fazer as coisas que realmente se quer fazer, sem ter o retorno monetário necessário para viver todos os dias, nem que seja na casa de outro, onde não pagamos água, luz e o empréstimo que nos acompanhará vida fora, é uma tarefa mais complicada que viver na rua. Dilema moral, destreza mental para criar as alternativas e as oportunidades de se viver melhor e com alguns trocos. Corro o risco sempre de me repetir, mas temos um meio de médicos, um de advogados, um de cozinheiros, de jardineiros, de canalizadores, de vendedores e porque raio não há um de músicos? Onde sejam pagos de forma digna, onde se possa reconhecer novos valores? Onde não se trafique o peso das influências? “Meu filho, ainda és muito novo, a vida é assim.” Como devemos ficar em relação a isto? Eu só vejo uma forma, intervir, partir coisas, nem que sejam as nossas, gritar de raiva, chamar-lhe filho da puta só para se virar a nós, sim, só para se virar a nós, mas ninguém o faz. O dia-a-dia é de afastar o que está mal, não de o enfrentar com todas as forças, even that it kills me, não é deixá-lo para lá, incomoda. Depois faz-se uma cara feia quando se vir o problema e faz-se de conta. Até eu próprio me vejo nessa intromissão absurda, mas a provocação é sempre uma arma. Esqueçam o cool, esqueçam a moda, esqueçam o estilo, esqueçam o que parece bem, toquem a vida e lembrem-se disso tudo, porque vai destruir-vos aos poucos a lembrança do que está mal lá atrás, por isso celebrem-no cá à frente, até que vos partam a cara.

Davide Lobão | www.myspace.com/chemicalwire

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