domingo, 5 de agosto de 2007

Na Grafonola do Marsupilami com os Skewer

A paixão pela música, e por aquilo que fazem, está bem vincada na personalidade destes senhores. Eles adoram o que fazem, e empenham-se ao máximo para que toda a gente ouça (nem que seja uma vez) aquilo que eles sabem fazer de melhor. Dois anos de existência, dois EP's gravados e as suas músicas já tocam um pouco por todo o mundo! O Marsupilami quis conhece-los melhor, saber o que lhes vai alma. Já de seguida, a conversa com os Skewer!

Antes de mais, obrigado aos Skewer, por aceitarem responder a algumas perguntas que vos queria fazer. Obrigado.

Marsupilami (M) - Quando e como é que tudo começou?

Valério (V) – Bom… desde já obrigado pelo apoio e por nos disponibilizarem um espaço aos Skewer. Esperamos que este entrevista chegue aos olhos de muitas pessoas e que não a deixem passar despercebida.
Os Skewer surgiram no fim de 2005 após muita conversa entre mim e o ex-membro Telmo (baixo e backvocals no I Need Something Stronger de 2006), sobre rock alternativo porque foi onde tudo começou, em fins dos anos 80, quando passei a dedicar-me de coração á música. Acho que bandas como os Nirvana, Mudhoney, Teenage Fanclub, Dinosaur Jr, entre outros, tinham um espírito de luta e fizeram tudo ao contrário do que a tendência do mercado pedia naquela época. Faziam música por ama-la e isso me fascinou, achei muito bom ir contra o modismo do hair metal ou dos gothic, The Cure (apesar de gostar muito desses) e outros.

M – Li numa entrevista vossa, onde afirmam que apenas são uma cópia da cópia da cópia. Sentem que actualmente é difícil ter um som original? Nunca foi uma pretensão vossa ser algo completamente diferente?

V – Sim é complicado. Não, acho que a música de hoje, tudo já foi feito, pois uma banda nova é sempre a mistura de algumas bandas mais antigas. Acho que o Rock é isso, algo quadrado, letra refrão, um solo (as vezes). Letra e refrão!

Ernani (E) – Todos os músicos tem um gosto próprio por outras bandas, acredito que por gostar de um determinado tipo de musica, acabam por transmitir um pouco do que ouvem, e mesmo assim acredito que é difícil (mas não impossível) fazer algo completamente novo pois todas as notas de uma guitarra já foram tocadas em outras musicas...

M – Têm andado a divulgar o tema “Stayed” que é o cartão de visita daquele que será o vosso segundo EP “Whatever”. Como tem sido a reacção das pessoas?

V – Stayed tem proporcionado aos Skewer algo que não imaginava, estamos a ir para fora e a receber muitos elogios, algumas rádios chegam a enviar e-mails a dizer que a música é mesmo “muito fixe”, sendo que eles não têm obrigação nenhuma de elogiar. É um pouco difícil para quem ler a entrevista em acreditar nisso, até por que sou um membro da banda, mas vejo que vamos ter muito apoio de outros países, apesar que curtia mesmo é que o pessoal em Portugal desse mais valor, esquecesse a arrogância e a competição! Que não é original, afinal o que é original hoje? O momento é para ouvir e curtir a música, aprecia-la e dar valor ao esforço das bandas pequenas como Skewer, que estão aqui para tocar para o publico português!

M – Têm sentido dificuldades no campo da divulgação? Como a têm feito?

V – A divulgação leva tempo, e eu tenho dado todo o meu para isso, apesar de algumas pessoas não entenderem que se eu não for a fóruns e não correr a traz, ninguém fará isso por mim. Acho que tenho que expor o que se passa, mesmo que isso as vezes chateie a alguns, mas muitos outros ainda não conhecem, e só avisando e publicando é que podemos chegar ao olhos e ouvidos de outras pessoas.

E – A divulgação também é cara, fazer cartazes e flyers... Já é raro quando se ganha alguma coisa, ainda temos que gastar em transportes para nós e material, e ainda fazer divulgação é uma tarefa quase impossível, mas quando tem-se um objectivo e vontade lá fazemos as coisas.

M – Ainda sobre a dita divulgação… Têm tido alguma projecção no estrangeiro, principalmente a nível de rádios onde têm passado constantemente “Stayed”. Tem sido mais fácil divulgar o vosso trabalho cá, ou lá fora?

V – Para ser sincero tanto lá fora como cá. Porem lá fora há mais rádios que apoiam este tipo de música que Skewer fazem. Não tenho queixa das de cá, pois vêem as pequenas bandas com os mesmos olhos que as grandes, aceitam e falam muito bem do trabalho dos Skewer, as rádios tem aceitado “Stayed” principalmente por verem que estou a trabalhar arduamente para fazer de Skewer conhecidos, não para ficar ricos e famosos, mas para mais pessoas aparecerem em nossos concertos e possam confraternizar com a banda. Não temos muitas rádios rock em Portugal, pelo menos que eu conheça, e que não vejam só €€ na frente, e neste sentido tenho que elogiar o Culto do Império, o Sinfonias de Aço, Rock Cathedral e a Catedral do Rock (do grande amigo Jorge) mas como é óbvio lá fora existe mais espaço para o trabalho de Skewer, tanto que já estamos a tocar em 22 rádios americanas, 2 canadianas, uma francesa e uma na Holanda.

M – A net cada vez mais tem um papel fundamental nesse campo, e vocês sabem disso. Continuaram a utilizar a net com vossa grande aliada nesse campo? E até que ponto?

V – Sim, já imaginou ter que enviar 50 CD´s com apenas uma música de divulgação e biografia!!?? Seria uma loucura de gastos em correios! Além das editoras com quem estamos a falar, pois estas não aceitam material enviado pela net, é raro as que o fazem… Seria um gasto absurdo em envios!!

M – Acham que no nosso país em geral, há locais em quantidade e qualidade suficientes para as bandas se poderem mostrar?

V – Não questiono a qualidade dos locais onde tocamos, sempre há um PA, mesa, e tudo pode ser equalizado, o que nos chateia é a dificuldade das casas em ajudar as bandas no sentido da deslocação ou os cachês. Afinal todas as bandas tem muitos gastos, porque tem um propósito, que é de fazer disso algo a sério e profissional! Não digo que são todas!

E – Acho que existem casas suficientes, o que não existe é muita procura por parte do publico em ir, ver e gozar... Acho que preferem esperar pelo verão e ir a festivais que têm bandas já com muitos anos de carreira ou bandas novas com muita divulgação (e papel). Preferem pagar 50€ para ver uma única banda por que é de fora, do que pagar 3€ e ir ver duas ou três bandas nacionais.

M – Qual a vossa opinião para o actual panorama musical português?

V – Acho que precisamos desenvolver na questão da tolerância. Afinal uma banda quando esta a divulgar, não é para passar por cima de ninguém, e ao tocar, não vejo a necessidade de estar aos saltos, acho que as pessoas têm que cagar para a banda e curtir a música. E se é Metal, Punk ou Jazz… opa, é assim: é música. Se gostas não tenha medo de soltar-se, ficar aos saltos, independente dos músicos serem pouco mexidos e se teu amigo “Zé deita abaixo por que não é o estilo dele”, está ali a falar merda, mande-o para casa e viva a vida! Deixe de ter aquela postura imbecil para ser bem visto pelo estilo que tocas perante os amiguinhos. Afinal uma banda não deve tocar só para os amigos, e sim para os amantes de música! Sem frescuras!

E – Acho que é um panorama imposto, não sei como conseguiram... Mas prefiro fechar os olhos.

M – Que pensam do actual estado do país, no geral?


V – Uma crise total! Na política e na música, mas é um assunto aborrecido para falar e que não saberei me expressar bem!

E – Por enquanto não temos tido muito tempo para pensar ou tomar uma atitude neste assunto... Mas não é algo que não nós interessemos.

M – Quais os próximos passos dos Skewer?

E – Comprar um baixo... (risos)

V – Continuar na promoção do tema Stayed e ver se chegamos a um acordo em definitivo para o lançamento de “Whatever”. Além dos concertos de promoção dos temas novos, já temos algumas datas agendadas… Dia 14.08 Palco da Juventude no Barreiro, 16.08 Music Box em Lisboa.

M – Para terminar. Qual a vossa personagem preferida de banda desenhada? (risos)

V – Gosto do Homem Aranha.

E – Calvin, é inteligente o rapaz.... (Calvin and Hobbies)

Curiosidades:

M – Porque o nome Skewer?

V – Gostei da junção das letras e não existia mais nenhuma banda com este nome, visto que hoje é necessário ter duas ou três palavras para não confundir com outras.

M – Influências?

V – Rock Alternativo, Indie Rock, Noise e Thrash

M – Bandas nacionais que têm ouvido?

V – Dapunksportif, Blind Zero (antigo), My Enchantement, Revol, Old Jerusalém,

Luis - More Than a Thousand, 20 Inch Burial, Switchtense, Blunder.

E – Linda Martini, Even A Devil

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