Aos 15 anos ajudou a formar aquela que seria uma das grandes bandas nacionais, os Ornatos Violeta. Passados outros tantos anos, decidiu gravar as músicas que persistiam na sua cabeça, e que gostava de partilhar com toda a gente. Pode passar despercebido a alguns, mas àqueles que gostam realmente de (boa) música, a esses já não consegue esconder-se! O Marsupilami esteve à conversa com o Nuno Prata, conversa essa que podem ler já de seguida...
Antes de mais, obrigado Nuno Prata, por aceitares responder a algumas perguntas que te queria fazer. Obrigado.
Marsupilami (M) – Quando e como surgiu este teu projecto a solo?
Nuno Prata (NP) – Em 2002, depois do fim Ornatos Violeta. Em Setembro desse ano gravei sozinho uma maqueta com dez ou doze canções; a maior parte delas acompanhou-me até à gravação do disco.
M – Já andas na música há vários anos. Ajudaste a formar bandas como os Ornatos Violeta, Pluto ou Supernada. Nessas bandas, sempre te vimos numa vertente mais rockeira, se lhe poderei chamar assim. Este teu projecto actual é o verdadeiro Nuno Prata ou é apenas uma parte, entre muitas outras, do Nuno Prata?
NP – Só ajudei a formar os Ornatos Violeta. Eu sou sempre eu, por mal dos meus pecados. Tinha 15 anos quando comecei a tocar com os Ornatos; tinha 30 quando comecei a gravar o meu disco.
M – “Todos os dias fossem estes/outros” é o teu primeiro álbum a solo, composto por 19 canções. Estas 19 canções foste-as escrevendo ao longo de todos estes anos, ou é trabalho composto recentemente?
NP – As canções que compõem o disco foram escritas entre 2000 e 2005.
M – Como referi, o álbum tem 19 canções. Ainda assim, ficou alguma na tua gaveta?
NP – De entre centenas de ideias — boas, más e assim-assim —, sobraram cerca de dezoito canções com princípio, meio e fim.
M – Onde foste buscar a inspiração para este teu trabalho?
NP – As canções resultam, sobretudo, da minha tentativa de resolver pequenas frustrações quotidianas.
M – Tens tido muito boas críticas ao teu álbum de estreia, na imprensa musical. À parte disso, como tem sido o feedback do público em geral?
NP – A ideia que tenho é que o disco passou ao lado da imprensa. À parte disso, por enquanto, vão havendo pessoas em número suficiente a manifestarem-me o seu gosto pelas canções para que sinta que vale a pena continuar a mostrá-las.
M – Todas as bandas por onde passaste, sempre cantaram em português. No teu projecto a solo também o fazes dessa forma. Alguma vez te passou pela cabeça cantar noutra língua, ou é tão natural que nunca sentiste necessidade que fosse diferente?
NP – Português é a única língua que, mal ou bem, falo há trinta anos; é a única com que consigo dizer o que quero ou perceber porque o não consegui.
M – A nível da divulgação do teu trabalho, alguma vez sentiste dificuldades nesse campo? E como o tens feito?
NP – Senti, sinto as dificuldades que qualquer trabalho editado com poucos meios sente. Foi feita a promoção possível, na altura em que o disco saiu. Agora, para além dos concertos, mantenho um blogue actualizado com notícias sobre o projecto e tenho, como toda a gente, uma página no MySpace.
M – Achas que cada vez mais a net é um aliado nesse campo? Qual a tua opinião sobre a música versus net, e consequente partilha/pirataria que se vive hoje em dia?
NP – É-o, obviamente. Partilha é uma coisa. Por mim, estejam à vontade para partilhar a música que faço, agradeço. Pirataria é outra. Não ia achar muita piada se estivessem a ganhar dinheiro às minhas custas, nas minhas costas — o dinheiro faz-me (faz-nos) muita falta.
M – Qual a tua opinião sobre o actual panorama musical português?
NP – O campo criativo apresenta, aparentemente, uma enorme diversidade. Parece-me é que o meio que o envolve não é suficientemente dinâmico para acompanhar a energia criativa que daí advém, acabando, na maior parte das vezes, por desperdiçá-la ou por levá-la a funcionar apenas em circuito fechado.
M – Existem locais suficientes, tanto em quantidade como em qualidade no nosso país, para as bandas nacionais se mostrarem?
NP – Existem todo o tipo de sítios, com todo o tipo de condições e até sem condições nenhumas, onde se podem fazer concertos. Se pensarmos nessa questão como profissionais são suficientes; se pensarmos como amadores são infinitos.
M – Que pensas do estado actual do nosso país?
NP – É um país em mau estado.
M – E agora, quais os próximos passos de Nuno Prata?
NP – Acabar de responder a esta entrevista. Enviar para as televisões o vídeo que o Daniel Neves fez para a canção Hoje quem? Gravar a canção Fala do homem nascido para um disco de homenagem ao Adriano Correia de Oliveira. Candidatar-me ao reingresso no curso de Escultura da FBAUP.
M – Para terminar, conheces o doce tradicional de Santa Maria da Feira, que é a fogaça? Se sim, gostas ou nem por isso? E para quando um concerto cá? (risos)
NP – Conheço. Adoro a palavra fogaça mas confesso que não sou um grande apreciador do doce.
Quando me contratarem para o efeito. (Engraçado, no fim do último concerto que dei, no Lounge, em Lisboa, pediram-me o contacto para ir aí tocar.)
Curiosidades:
M – Influências?
NP – Na verdade, hoje em dia, quem mais influi o meu modo de fazer e pensar música são pessoas que me estão próximas: os músicos que tocam comigo, Nico Tricot e António Serginho, e o meu amigo Manel Cruz.
M – Que instrumentos usas nas tuas gravações?
NP – Todos o que tiver à mão, tudo o que produza som e faça sentido no arranjo das canções. O instrumento de partida é a guitarra, obviamente.
M – Bandas nacionais que tens ouvido ultimamente?
NP – Não tenho o hábito de ouvir música. Gosto do JP Simões.
M – Qual a tua personagem favorita de banda desenhada?
NP – Curiosamente gosto muito das personagens do Franquin, em particular das dos álbuns do Spirou, que me acompanharam na adolescência. Quino e Bill Watterson são, para mim, outros incontornáveis criadores de personagens.
Marsupilami (M) – Quando e como surgiu este teu projecto a solo?
Nuno Prata (NP) – Em 2002, depois do fim Ornatos Violeta. Em Setembro desse ano gravei sozinho uma maqueta com dez ou doze canções; a maior parte delas acompanhou-me até à gravação do disco.
M – Já andas na música há vários anos. Ajudaste a formar bandas como os Ornatos Violeta, Pluto ou Supernada. Nessas bandas, sempre te vimos numa vertente mais rockeira, se lhe poderei chamar assim. Este teu projecto actual é o verdadeiro Nuno Prata ou é apenas uma parte, entre muitas outras, do Nuno Prata?
NP – Só ajudei a formar os Ornatos Violeta. Eu sou sempre eu, por mal dos meus pecados. Tinha 15 anos quando comecei a tocar com os Ornatos; tinha 30 quando comecei a gravar o meu disco.
M – “Todos os dias fossem estes/outros” é o teu primeiro álbum a solo, composto por 19 canções. Estas 19 canções foste-as escrevendo ao longo de todos estes anos, ou é trabalho composto recentemente?
NP – As canções que compõem o disco foram escritas entre 2000 e 2005.
M – Como referi, o álbum tem 19 canções. Ainda assim, ficou alguma na tua gaveta?
NP – De entre centenas de ideias — boas, más e assim-assim —, sobraram cerca de dezoito canções com princípio, meio e fim.
M – Onde foste buscar a inspiração para este teu trabalho?
NP – As canções resultam, sobretudo, da minha tentativa de resolver pequenas frustrações quotidianas.
M – Tens tido muito boas críticas ao teu álbum de estreia, na imprensa musical. À parte disso, como tem sido o feedback do público em geral?
NP – A ideia que tenho é que o disco passou ao lado da imprensa. À parte disso, por enquanto, vão havendo pessoas em número suficiente a manifestarem-me o seu gosto pelas canções para que sinta que vale a pena continuar a mostrá-las.
M – Todas as bandas por onde passaste, sempre cantaram em português. No teu projecto a solo também o fazes dessa forma. Alguma vez te passou pela cabeça cantar noutra língua, ou é tão natural que nunca sentiste necessidade que fosse diferente?
NP – Português é a única língua que, mal ou bem, falo há trinta anos; é a única com que consigo dizer o que quero ou perceber porque o não consegui.
M – A nível da divulgação do teu trabalho, alguma vez sentiste dificuldades nesse campo? E como o tens feito?
NP – Senti, sinto as dificuldades que qualquer trabalho editado com poucos meios sente. Foi feita a promoção possível, na altura em que o disco saiu. Agora, para além dos concertos, mantenho um blogue actualizado com notícias sobre o projecto e tenho, como toda a gente, uma página no MySpace.
M – Achas que cada vez mais a net é um aliado nesse campo? Qual a tua opinião sobre a música versus net, e consequente partilha/pirataria que se vive hoje em dia?
NP – É-o, obviamente. Partilha é uma coisa. Por mim, estejam à vontade para partilhar a música que faço, agradeço. Pirataria é outra. Não ia achar muita piada se estivessem a ganhar dinheiro às minhas custas, nas minhas costas — o dinheiro faz-me (faz-nos) muita falta.
M – Qual a tua opinião sobre o actual panorama musical português?
NP – O campo criativo apresenta, aparentemente, uma enorme diversidade. Parece-me é que o meio que o envolve não é suficientemente dinâmico para acompanhar a energia criativa que daí advém, acabando, na maior parte das vezes, por desperdiçá-la ou por levá-la a funcionar apenas em circuito fechado.
M – Existem locais suficientes, tanto em quantidade como em qualidade no nosso país, para as bandas nacionais se mostrarem?
NP – Existem todo o tipo de sítios, com todo o tipo de condições e até sem condições nenhumas, onde se podem fazer concertos. Se pensarmos nessa questão como profissionais são suficientes; se pensarmos como amadores são infinitos.
M – Que pensas do estado actual do nosso país?
NP – É um país em mau estado.
M – E agora, quais os próximos passos de Nuno Prata?
NP – Acabar de responder a esta entrevista. Enviar para as televisões o vídeo que o Daniel Neves fez para a canção Hoje quem? Gravar a canção Fala do homem nascido para um disco de homenagem ao Adriano Correia de Oliveira. Candidatar-me ao reingresso no curso de Escultura da FBAUP.
M – Para terminar, conheces o doce tradicional de Santa Maria da Feira, que é a fogaça? Se sim, gostas ou nem por isso? E para quando um concerto cá? (risos)
NP – Conheço. Adoro a palavra fogaça mas confesso que não sou um grande apreciador do doce.
Quando me contratarem para o efeito. (Engraçado, no fim do último concerto que dei, no Lounge, em Lisboa, pediram-me o contacto para ir aí tocar.)
Curiosidades:
M – Influências?
NP – Na verdade, hoje em dia, quem mais influi o meu modo de fazer e pensar música são pessoas que me estão próximas: os músicos que tocam comigo, Nico Tricot e António Serginho, e o meu amigo Manel Cruz.
M – Que instrumentos usas nas tuas gravações?
NP – Todos o que tiver à mão, tudo o que produza som e faça sentido no arranjo das canções. O instrumento de partida é a guitarra, obviamente.
M – Bandas nacionais que tens ouvido ultimamente?
NP – Não tenho o hábito de ouvir música. Gosto do JP Simões.
M – Qual a tua personagem favorita de banda desenhada?
NP – Curiosamente gosto muito das personagens do Franquin, em particular das dos álbuns do Spirou, que me acompanharam na adolescência. Quino e Bill Watterson são, para mim, outros incontornáveis criadores de personagens.
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