A banda que se segue não precisa de apresentações. Eles são umas das maiores referências do punk-rock nacional, influenciando muitas das bandas do actual panorama musical nacional, principalmente aqueles que cantam na nossa língua materna. Eles estão aí de novo, com novo álbum e com a energia, o power e a vontade de tocar que até fazem esquecer que já andam nisto à 21 anos! O Marsupilami não podia deixar de falar com eles, e por isso mesmo, senhoras e senhores, os Peste & Sida, na voz de João San Payo!
Antes de mais, obrigado aos Peste & Sida, por aceitarem responder a algumas perguntas que vos queria fazer. Obrigado.
Marsupilami (M) - Foi há cerca de 21 anos que se formaram os Peste & Sida. Na altura, mesmo no início de tudo, qual era o objectivo ao formar a banda?
João San Payo (JSP) - Na verdade não tínhamos nenhum objectivo pré estabelecido. Éramos adolescentes, imaturos qb, tanto ou mais que os de hoje e apenas sabíamos o que não queríamos: levar secas nas aulas, estudar, obedecer às regras impostas pelos pais, pelos profes, pelas autoridades… tocar numa banda era um bom pretexto para nos baldarmos aos estudos e ir para o bairro beber copos.
M – Esse objectivo é exactamente igual, hoje?
JSP – Nem por sombras. Agora em jeito de brincadeira costumamos mandar a boca uns aos outros: “És músico? – Estudasses!” Passados vinte anos aprendemos muito com as asneiras que fomos fazendo ao longo da vida e acabamos por nos render às evidencias – se vivemos profissionalmente como músicos foi porque optamos por vontade própria por esta vida e decidimos fazer aquilo que não tínhamos feito quando devíamos – estudar. Felizmente descobrimos que era música que queríamos estudar e isso ajudou. E conseguimos um background que nos permite manter este projecto Peste & Sida coerente com o que era ao início, mantendo a liberdade criativa e fazendo o que gostamos e da maneira como gostamos. Se por não fazermos concessões passarmos por momentos menos bons ao nível da aceitação e popularidade (o que se reflecte automaticamente em termos financeiros) temos sempre a possibilidade de dar aulas ou de participar noutros projectos e até mesmo fazer trabalhos de backline e de roadie para outros músicos. É estrada, nós gostamos e enquanto não ganharmos como rockstars vamo-nos safando assim. É assim a nossa vidinha para que Peste & Sida se mantenha coerente!
M – Os Peste & Sida marcaram uma geração, e são uma referência e uma fonte de inspiração para muitos dos actuais músicos. Sentem isso? E que opinião têm sobre isso?
JSP – Sentimos que as bandas novas que optam por cantar em português têm um carinho muito especial por nós. Penso que os amantes da lusofonia têm uma afinidade natural com os Peste & Sida porque essa é uma das nossas características marcantes. Sendo o pop-rock um género musical que nasceu nas zonas urbanas dos países anglo-saxónicos, pioneiros na electrificação das guitarras, e tendo sido depois adoptado por diferentes culturas em todo o mundo, a única maneira dessas culturas evitarem a colonização cultural é adaptarem esta nova expressão musical às suas raízes e tradições para não perderem a sua identidade. Caso contrário, se tivermos de mudar a nossa maneira de ser, de sentir e de estar no mundo para nos adaptarmos ao pop rock, perdemos as nossas raízes que fazem de nós portugas um povo único neste mundo. Nem melhores, nem piores – pura e simplesmente diferentes!
M – Qual é a vossa opinião em relação ao panorama musical português actual?
JSP – A malta tem uma cultura musical muito mais desenvolvida, o que é muito positivo. Vê-se na rua mais pessoal novo com instrumentos às costas, ouve-se mais de tudo, os gostos são mais ecléticos e isso reflecte-se positivamente na produção. As bandas também surgem com propostas mais ecléticas, há bandas novas a propor os mais variados géneros musicais e há publico para todos eles. Fixe!
M – Quão diferentes são as condições hoje em dia, em Portugal, para as bandas em geral? Há mais e melhores condições?
JSP – Não se compara. Nos anos 80 imperava a carolice e a paixão. Depois as coisas iam-se desenvolvendo consoante o desenrolar dos acontecimentos. Muitas bandas com grande potencialidade nunca chegaram a ter oportunidade de se afirmar. Actualmente os meios que a net põe ao dispor em termos de divulgação mudaram tudo e qualquer banda principiante que tenha potencialidade e não se deixe levar pela preguiça pode ter sucesso. O grau de exigência e os níveis de profissionalismo são muito maiores mesmo nos que estão a iniciar uma carreira e isso é extremamente positivo.
M – Em 1986, ano de formação dos Peste & Sida, ainda não existia a net, pelo menos como a conhecemos hoje. Hoje em dia é um aliado poderoso na divulgação da música. Qual é a vossa relação com a net?
JSP – Estamo-nos a actualizar aos poucos. Temos de conciliar o nosso tempo de maneira a evoluir, para não perdermos o barco. E não é fácil porque nós ainda somos daqueles velhos dinossauros e não conseguimos estar muito tempo sem uma guitarra nas mãos. Não conseguimos trocar essa cena mais física do rock’n’roll pelos ecrãs de forma muito pacífica. Mas tem de ser. È só uma questão de lhe apanhar o gosto. É como andar de bicicleta ou tocar um instrumento. Quando se aprende já não se esquece e quer-se ir sempre mais longe.
M – Qual a vossa opinião relativamente aos programas P2P e consequente pirataria/partilha via net que se vive hoje em dia? Na vossa opinião, poderá ajudar ou prejudicar uma banda como os Peste & Sida?
JSP – Se há alguém que se queixa das possibilidades que a net e as novas tecnologias proporcionam não são os músicos. Talvez sejam as grandes multinacionais que durante anos encheram o cu com o macro-negócio de venda de fonogramas e a consequente manipulação dos hábitos de consumo que impuseram durante décadas. Nós como músicos sempre ganhamos a vida a tocar, os palcos é que nos têm sustentado, a nós e às nossas famílias. Mas atenção – essas mesmas multinacionais, com o poder económico que têm continuam com o macro-negócio e já investem milhões para subverter a seu favor as possibilidades que a net proporcionaria (à partida) a todos que a tiverem ao seu alcance. (Sim, porque falamos muito de globalização mas continuam a haver grandes desigualdades no nosso planeta Terra e ainda há de certeza muitas zonas sem rede, nem electricidade, nem água, nem saneamento básico e com outras carências de primeira necessidade. É bom não esquecer!)
M – “Cai no Real” está aí para toda a gente ouvir. O selo é sem dúvida dos Peste & Sida. Que querem dizer ao país com “Cai no Real”?
JSP – Contrariamente ao que seria de esperar dos Peste & Sida, o tema que dá nome ao álbum tem um lado mais intimista do que de intervenção social e política. Essa faceta é mais explícita noutras faixas do álbum como o “Entregues aos Bichos” ou o “Ernesto Desonesto”. O “Cai no Real” fala sobre a dificuldade que muitas pessoas têm em viver a sua vida com naturalidade, não aceitando ser o que são e como são sem terem paranóias, sem terem a preocupação e a pressão constante de se preocuparem mais com aquilo que acham que os outros pensam delas. É uma perda de tempo porque a verdade é que todos nós não passamos de comuns mortais. Só vivemos uma vez e cada segundo que passa é menos um para o fim da nossa viagem por este mundo.
M – Qual tem sido a recepção ao álbum por parte do público?
JSP – Estamos muito satisfeitos, o interesse do público pelos Peste & Sida e por este álbum em particular tem superado as nossas melhores expectativas. Estou a responder a esta entrevista na ressaca do espectáculo de lançamento (ontem à noite) e posso dizer que ficamos muito satisfeitos com o número de malta que apareceu para vir ao concerto e levar consigo o cd “Cai no Real”.
M – Que pensam do actual estado do nosso país?
JSP – Com o dinheiro que veio à uns anitos da CEE era de esperar melhor. Vemos outros países como a Irlanda, a Grécia que souberam aplicar essas verbas de forma inteligente e que nos deram um granda bailinho. Por cá, com a febre do betão e do alcatrão, houve muito boa gente que se encheu bem à conta desses subsídios mas continuamos na cauda do pelotão.
M – E agora, que mais podemos esperar dos Peste & Sida? Quais os próximos passos?
JSP – Vamos dar continuidade aos Peste & Sida com a tour deste ano que arrancou ontem. Hoje estamos na Moita, temos os showcases das Fnacs para fazer e começam precisamente Quarta-feira dia seis na Invicta. Por isso mesmo marcámos também uma passagem pelo Porto-Rio que é o nosso spot de eleição no Porto. É um daqueles bares do Porto que não conseguimos deixar de visitar sempre que passamos por perto. Até ao fim do ano gostávamos de ter pronto um registo da banda ao vivo, em DVD mas terá de ser bem ponderado e bem feito, sem pressas porque apesar de sermos essencialmente um banda de rock com power e que tem nos concertos os seus momentos mais altos nunca editamos nada ao vivo. As próximas datas dos concertos e outros eventos Peste & Sida podem ser vistos no nosso myspace (www.myspace.com/pestesida) ou no nosso site (sim, porque desde esta semana também estamos online em http://www.pestenanet.com/).
M – Para terminar, duas perguntas: conhecem um dos doces tradicionais de Santa Maria da Feira, que é a fogaça, e sim, gostam? Para quando um concerto cá? (risos)
JSP – Já comemos fogaças aí em Santa Maria da Feira e já passamos por aí há uns anos valentes. E estamos prontos para repetir a dose. Entretanto, venham ao Porto-Rio na ribeira ou passem pelas Fnacs enquanto não está nada marcado para aí.
Curiosidades:
M – Porquê o nome Peste & Sida?
JSP – Surgiu espontaneamente quando eu e o João Pedro nos pusemos a fazer daqueles jogos infantis de palavra puxa palavra. Dos muitos trocadilhos que surgiram este marcou como sendo a melhor hipótese. Decorria o ano de 1986 e Sida era ainda como que uma palavra tabu que causava algum incómodo em certas mentes mais conservadoras. Chegámos a ter problemas e a perder concertos por isso. Hoje em dia o jogo de palavras é encarado de uma forma divertida pela maioria das pessoas e já não causa apreensão a ninguém.
M – Porque a formação do projecto paralelo Despe & Siga?
JSP – Foi uma forma divertida de fazer bares mas acabou por subverter o compromisso inicial que tínhamos com os fãs de manter os dois projectos. E acabou por levar à ruptura. A verdade é que os Peste & Sida continuam e recomendam-se. Os Despe já eram.
M – Que bandas ou artistas portugueses têm ouvido?
JSP – Wraygunn, o Tiger man, os Born a Lion, os Anti-clockwise, o último Terrakota também está porreiro, penso que é o melhor deles até ao momento, dos 31 estamos à espera de mais, a música tradicional também trouxe excelentes álbuns ultimamente, como o dos Dazkarieh, o dos Gaiteiros de Lisboa e eu continuo fã do Pau Preto e dos manos Meirinho com o seu projecto mirandês Galandum Galandaina. E ainda há muito mais!
M – Um concerto marcante para os Peste & Sida?
JSP – São muitos ao fim de 21 anos. Todos eles têm as suas particularidades. Em 1987 esgotamos a lotação do Rock-Rendez-Vous na nossa estreia lá, a primeira parte dos Xutos e Pontapés em Moscavide e na Queima das Fitas em Coimbra, em 1989 o lançamento do Portem-se Bem no Pavilhão Carlos Lopes e o encerramento do palco principal na noite de Sexta-feira da Festa do Avante, em 1994 o estádio José Alvalade a abarrotar com “os filhos da madrugada cantam José Afonso”, o Terreiro do Paço cheio nas comemorações do 25 de Abril para a Presidência da Republica e nova casa cheia na Festa do Avante, em 2003 a lotação esgotada no Santiago Alquimista em Lisboa para marcar o regresso dos Peste & Sida aos palcos, Odivelas em 2005 foi lindo, na Academia de Linda-a-Velha e no Festival Musa e em Vila Viçosa em 2006… este ano também já tivemos momentos inesquecíveis e estamos seguros de que não vamos ficar por aqui!
Ouvir Peste & Sida no Myspace
Marsupilami (M) - Foi há cerca de 21 anos que se formaram os Peste & Sida. Na altura, mesmo no início de tudo, qual era o objectivo ao formar a banda?
João San Payo (JSP) - Na verdade não tínhamos nenhum objectivo pré estabelecido. Éramos adolescentes, imaturos qb, tanto ou mais que os de hoje e apenas sabíamos o que não queríamos: levar secas nas aulas, estudar, obedecer às regras impostas pelos pais, pelos profes, pelas autoridades… tocar numa banda era um bom pretexto para nos baldarmos aos estudos e ir para o bairro beber copos.
M – Esse objectivo é exactamente igual, hoje?
JSP – Nem por sombras. Agora em jeito de brincadeira costumamos mandar a boca uns aos outros: “És músico? – Estudasses!” Passados vinte anos aprendemos muito com as asneiras que fomos fazendo ao longo da vida e acabamos por nos render às evidencias – se vivemos profissionalmente como músicos foi porque optamos por vontade própria por esta vida e decidimos fazer aquilo que não tínhamos feito quando devíamos – estudar. Felizmente descobrimos que era música que queríamos estudar e isso ajudou. E conseguimos um background que nos permite manter este projecto Peste & Sida coerente com o que era ao início, mantendo a liberdade criativa e fazendo o que gostamos e da maneira como gostamos. Se por não fazermos concessões passarmos por momentos menos bons ao nível da aceitação e popularidade (o que se reflecte automaticamente em termos financeiros) temos sempre a possibilidade de dar aulas ou de participar noutros projectos e até mesmo fazer trabalhos de backline e de roadie para outros músicos. É estrada, nós gostamos e enquanto não ganharmos como rockstars vamo-nos safando assim. É assim a nossa vidinha para que Peste & Sida se mantenha coerente!
M – Os Peste & Sida marcaram uma geração, e são uma referência e uma fonte de inspiração para muitos dos actuais músicos. Sentem isso? E que opinião têm sobre isso?
JSP – Sentimos que as bandas novas que optam por cantar em português têm um carinho muito especial por nós. Penso que os amantes da lusofonia têm uma afinidade natural com os Peste & Sida porque essa é uma das nossas características marcantes. Sendo o pop-rock um género musical que nasceu nas zonas urbanas dos países anglo-saxónicos, pioneiros na electrificação das guitarras, e tendo sido depois adoptado por diferentes culturas em todo o mundo, a única maneira dessas culturas evitarem a colonização cultural é adaptarem esta nova expressão musical às suas raízes e tradições para não perderem a sua identidade. Caso contrário, se tivermos de mudar a nossa maneira de ser, de sentir e de estar no mundo para nos adaptarmos ao pop rock, perdemos as nossas raízes que fazem de nós portugas um povo único neste mundo. Nem melhores, nem piores – pura e simplesmente diferentes!
M – Qual é a vossa opinião em relação ao panorama musical português actual?
JSP – A malta tem uma cultura musical muito mais desenvolvida, o que é muito positivo. Vê-se na rua mais pessoal novo com instrumentos às costas, ouve-se mais de tudo, os gostos são mais ecléticos e isso reflecte-se positivamente na produção. As bandas também surgem com propostas mais ecléticas, há bandas novas a propor os mais variados géneros musicais e há publico para todos eles. Fixe!
M – Quão diferentes são as condições hoje em dia, em Portugal, para as bandas em geral? Há mais e melhores condições?
JSP – Não se compara. Nos anos 80 imperava a carolice e a paixão. Depois as coisas iam-se desenvolvendo consoante o desenrolar dos acontecimentos. Muitas bandas com grande potencialidade nunca chegaram a ter oportunidade de se afirmar. Actualmente os meios que a net põe ao dispor em termos de divulgação mudaram tudo e qualquer banda principiante que tenha potencialidade e não se deixe levar pela preguiça pode ter sucesso. O grau de exigência e os níveis de profissionalismo são muito maiores mesmo nos que estão a iniciar uma carreira e isso é extremamente positivo.
M – Em 1986, ano de formação dos Peste & Sida, ainda não existia a net, pelo menos como a conhecemos hoje. Hoje em dia é um aliado poderoso na divulgação da música. Qual é a vossa relação com a net?
JSP – Estamo-nos a actualizar aos poucos. Temos de conciliar o nosso tempo de maneira a evoluir, para não perdermos o barco. E não é fácil porque nós ainda somos daqueles velhos dinossauros e não conseguimos estar muito tempo sem uma guitarra nas mãos. Não conseguimos trocar essa cena mais física do rock’n’roll pelos ecrãs de forma muito pacífica. Mas tem de ser. È só uma questão de lhe apanhar o gosto. É como andar de bicicleta ou tocar um instrumento. Quando se aprende já não se esquece e quer-se ir sempre mais longe.
M – Qual a vossa opinião relativamente aos programas P2P e consequente pirataria/partilha via net que se vive hoje em dia? Na vossa opinião, poderá ajudar ou prejudicar uma banda como os Peste & Sida?
JSP – Se há alguém que se queixa das possibilidades que a net e as novas tecnologias proporcionam não são os músicos. Talvez sejam as grandes multinacionais que durante anos encheram o cu com o macro-negócio de venda de fonogramas e a consequente manipulação dos hábitos de consumo que impuseram durante décadas. Nós como músicos sempre ganhamos a vida a tocar, os palcos é que nos têm sustentado, a nós e às nossas famílias. Mas atenção – essas mesmas multinacionais, com o poder económico que têm continuam com o macro-negócio e já investem milhões para subverter a seu favor as possibilidades que a net proporcionaria (à partida) a todos que a tiverem ao seu alcance. (Sim, porque falamos muito de globalização mas continuam a haver grandes desigualdades no nosso planeta Terra e ainda há de certeza muitas zonas sem rede, nem electricidade, nem água, nem saneamento básico e com outras carências de primeira necessidade. É bom não esquecer!)
M – “Cai no Real” está aí para toda a gente ouvir. O selo é sem dúvida dos Peste & Sida. Que querem dizer ao país com “Cai no Real”?
JSP – Contrariamente ao que seria de esperar dos Peste & Sida, o tema que dá nome ao álbum tem um lado mais intimista do que de intervenção social e política. Essa faceta é mais explícita noutras faixas do álbum como o “Entregues aos Bichos” ou o “Ernesto Desonesto”. O “Cai no Real” fala sobre a dificuldade que muitas pessoas têm em viver a sua vida com naturalidade, não aceitando ser o que são e como são sem terem paranóias, sem terem a preocupação e a pressão constante de se preocuparem mais com aquilo que acham que os outros pensam delas. É uma perda de tempo porque a verdade é que todos nós não passamos de comuns mortais. Só vivemos uma vez e cada segundo que passa é menos um para o fim da nossa viagem por este mundo.
M – Qual tem sido a recepção ao álbum por parte do público?
JSP – Estamos muito satisfeitos, o interesse do público pelos Peste & Sida e por este álbum em particular tem superado as nossas melhores expectativas. Estou a responder a esta entrevista na ressaca do espectáculo de lançamento (ontem à noite) e posso dizer que ficamos muito satisfeitos com o número de malta que apareceu para vir ao concerto e levar consigo o cd “Cai no Real”.
M – Que pensam do actual estado do nosso país?
JSP – Com o dinheiro que veio à uns anitos da CEE era de esperar melhor. Vemos outros países como a Irlanda, a Grécia que souberam aplicar essas verbas de forma inteligente e que nos deram um granda bailinho. Por cá, com a febre do betão e do alcatrão, houve muito boa gente que se encheu bem à conta desses subsídios mas continuamos na cauda do pelotão.
M – E agora, que mais podemos esperar dos Peste & Sida? Quais os próximos passos?
JSP – Vamos dar continuidade aos Peste & Sida com a tour deste ano que arrancou ontem. Hoje estamos na Moita, temos os showcases das Fnacs para fazer e começam precisamente Quarta-feira dia seis na Invicta. Por isso mesmo marcámos também uma passagem pelo Porto-Rio que é o nosso spot de eleição no Porto. É um daqueles bares do Porto que não conseguimos deixar de visitar sempre que passamos por perto. Até ao fim do ano gostávamos de ter pronto um registo da banda ao vivo, em DVD mas terá de ser bem ponderado e bem feito, sem pressas porque apesar de sermos essencialmente um banda de rock com power e que tem nos concertos os seus momentos mais altos nunca editamos nada ao vivo. As próximas datas dos concertos e outros eventos Peste & Sida podem ser vistos no nosso myspace (www.myspace.com/pestesida) ou no nosso site (sim, porque desde esta semana também estamos online em http://www.pestenanet.com/).
M – Para terminar, duas perguntas: conhecem um dos doces tradicionais de Santa Maria da Feira, que é a fogaça, e sim, gostam? Para quando um concerto cá? (risos)
JSP – Já comemos fogaças aí em Santa Maria da Feira e já passamos por aí há uns anos valentes. E estamos prontos para repetir a dose. Entretanto, venham ao Porto-Rio na ribeira ou passem pelas Fnacs enquanto não está nada marcado para aí.
Curiosidades:
M – Porquê o nome Peste & Sida?
JSP – Surgiu espontaneamente quando eu e o João Pedro nos pusemos a fazer daqueles jogos infantis de palavra puxa palavra. Dos muitos trocadilhos que surgiram este marcou como sendo a melhor hipótese. Decorria o ano de 1986 e Sida era ainda como que uma palavra tabu que causava algum incómodo em certas mentes mais conservadoras. Chegámos a ter problemas e a perder concertos por isso. Hoje em dia o jogo de palavras é encarado de uma forma divertida pela maioria das pessoas e já não causa apreensão a ninguém.
M – Porque a formação do projecto paralelo Despe & Siga?
JSP – Foi uma forma divertida de fazer bares mas acabou por subverter o compromisso inicial que tínhamos com os fãs de manter os dois projectos. E acabou por levar à ruptura. A verdade é que os Peste & Sida continuam e recomendam-se. Os Despe já eram.
M – Que bandas ou artistas portugueses têm ouvido?
JSP – Wraygunn, o Tiger man, os Born a Lion, os Anti-clockwise, o último Terrakota também está porreiro, penso que é o melhor deles até ao momento, dos 31 estamos à espera de mais, a música tradicional também trouxe excelentes álbuns ultimamente, como o dos Dazkarieh, o dos Gaiteiros de Lisboa e eu continuo fã do Pau Preto e dos manos Meirinho com o seu projecto mirandês Galandum Galandaina. E ainda há muito mais!
M – Um concerto marcante para os Peste & Sida?
JSP – São muitos ao fim de 21 anos. Todos eles têm as suas particularidades. Em 1987 esgotamos a lotação do Rock-Rendez-Vous na nossa estreia lá, a primeira parte dos Xutos e Pontapés em Moscavide e na Queima das Fitas em Coimbra, em 1989 o lançamento do Portem-se Bem no Pavilhão Carlos Lopes e o encerramento do palco principal na noite de Sexta-feira da Festa do Avante, em 1994 o estádio José Alvalade a abarrotar com “os filhos da madrugada cantam José Afonso”, o Terreiro do Paço cheio nas comemorações do 25 de Abril para a Presidência da Republica e nova casa cheia na Festa do Avante, em 2003 a lotação esgotada no Santiago Alquimista em Lisboa para marcar o regresso dos Peste & Sida aos palcos, Odivelas em 2005 foi lindo, na Academia de Linda-a-Velha e no Festival Musa e em Vila Viçosa em 2006… este ano também já tivemos momentos inesquecíveis e estamos seguros de que não vamos ficar por aqui!
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