segunda-feira, 4 de junho de 2007

Na Grafonola do Marsupilami com If Lucy Fell

Uma das mais poderosas bandas do panorama musical nacional, anda desaparecida da vista de todos, mas por uma boa razão. Estão neste momento a preparar o segundo longa-duração da banda, que se tudo correr bem estará pronto nos próximos meses e promete fazer estremecer (de novo) o país inteiro, e não só! Enquanto esperamos ansiosamente por mais músicas, o Marsupilami falou com eles!

Antes de mais, obrigado aos If Lucy Fell, por aceitarem responder a algumas perguntas que vos queria fazer. Obrigado.

Obrigado nós pela oportunidade e pelo interesse!

Marsupilami (M) - Qual era o objectivo dos If Lucy Fell quando decidiram formar a banda?

If Lucy Fell (ILF) - O único objectivo que tínhamos em mente quando formámos a banda, era conseguirmos fazer músicas e posteriormente tocá-las ao vivo. Tínhamos também vontade de fazer qualquer coisa diferente dos restantes projectos e foi isso que tentámos fazer.

M - Os If Lucy Fell conseguiram logo à partida conquistar um lugar importante no panorama da música nacional, sendo unanimemente descritos como a “next big thing”. Foi algo que procuraram desde sempre, ou foi algo que veio ao vosso encontro?

ILF - Uma coisa puxa outra. Vais definindo pequenos objectivos e quando vês que os alcanças e que há uma série de pessoas e meios a dar força, vais-te tornando mais ambicioso e tentando alcançar coisas maiores. As coisas sempre foram crescendo aos poucos. Primeiro encontrámos editora em Portugal (rastilho) e depois encontrámos a lockjaw no Reino Unido. Mais tarde, conseguimos ainda ter o disco distribuído em Espanha pela aloud music e na Alemanha pela cargo records. Começámos a percorrer o país de norte a sul em salas pequenas, e acabámos o ano de promoção ao disco com 1 tour europeia, 2 tours no Reino Unido, o festival sant feliu em Barcelona, 1 tour espanhola, o super bock super rock e o festival sudoeste na bagagem. Fomos influênciados por uma série de bandas como These Arms Are Snakes, The Blood Brothers, etc, e este ano acabámos por ter oportunidade de abrir para as mesmas. Enfim, as coisas começam com uma proporção e acabam por tomar outra. Mas assim é que há prazer em se continuar as coisas, certo? Se andas 2 anos na estrada e não há picos que te puxem para cima e para outros cenários, acaba por morrer...

M - Com apenas pouco mais de uma ano de existência, lançam o poderoso álbum “You Make Me Nervous”. Um álbum explosivo e de uma maturidade e coesão surpreendentes. Onde vão buscar os If Lucy Fell tanta energia e inspiração?

ILF - Maioritariamente da frustração. A música funciona como uma clínica de reabilitação para nós. Vivemos mergulhados na frustração de se morar numa cidade que se mostra alegre, cheia de vida, mas que na verdade está afundada em inércia e palidez. Vivemos na frustração de se viver num país que despreza a cultura, as artes, etc. A música é a nossa maneira de lutar contra isso. É o que nos faz continuar a achar que há um sentido nisto tudo.

M - Têm alguma fórmula para a composição das vossas músicas, ou nascem de parto normal?

ILF - Metade das músicas vêm compostas de casa e a outra metade surge de improvisos na sala de ensaios. Não há propriamente uma fórmula.

M - Os vossos concertos são como que uma explosão de energia, e atrevo-me a dizer, são o verdadeiro caos, sendo isto um elogio. Os vossos ensaios são igualmente poderosos?

ILF - (risos) São sempre diferentes. Fartamo-nos de curtir nos ensaios, mas não tens o público à tua frente, por isso nunca é a mesma coisa. Só te podemos dizer que adoramos tocar juntos...

M - Os If Lucy Fell já deram concertos um pouco por todo o país, bem como em vários países da Europa (Espanha, Inglaterra, Alemanha, etc.). Onde têm tido mais receptividade, e onde se sentiram melhor?

ILF - Portugal e Espanha, sem dúvida. Em Portugal por razões óbvias e em Espanha porque conhecemos pessoas espectaculares. Tivemos a sorte de entrar para uma agência de booking bastante boa que sempre nos deu as melhores condições de trabalho e isso também ajudou bastante. No entanto, também adorámos o luxemburgo. Quanto a Inglaterra, por exemplo, foi provávelmente onde mais crescemos enquanto banda. É um país realmente duro para as bandas pequenas e isso deu-nos um back-ground que nunca conseguiríamos retirar de Portugal. Mas quanto ao panorama geral, "england sucks".

M - Sei que o vosso álbum, para além de edição portuguesa, teve também edição em alguns países da Europa. Qual tem sido a recepção de “You Make Me Nervous” fora de portas?

ILF - Bastante boa! No Reino Unido conseguimos excelente reviews na rock sound e na terrorizer, bem como features também na rock sound, na metal hammer e na big cheese. Não esperávamos tanto, mas soube bastante bem. Em espanha também tem corrido bastante bem, em especial desde que fizemos o festival de sant feliu. Depois, também tivemos criticas bastante boas em web-zines alemãs, belgas, italianas, norueguesas, etc. Não nos podemos queixar muito, felizmente.

M - Cada vez mais bandas disponibilizam totalmente os seus trabalhos via net, vocês próprios disponibilizam algum do vosso trabalho no vosso site. Os If Lucy Fell, continuaram sempre a apostar na net como forma de divulgação?

ILF - É inútil lutares contra isso. Se é verdade que há pessoas que deixam de comprar os teus discos por terem "sacado" da net e não terem gostado, também é verdade que há pessoas que por terem "sacado" e adorado, foram a seguir comprar o disco. A net é definitivamente uma forma de divulgação e promoção bastante importante no panorama musica actual.

M - Acham que a net, e mais precisamente os programas P2P e consequente partilha/pirataria, poderá ajudar ou prejudicar uma banda com os If Lucy Fell?

ILF - Como referimos acima, é impossível retirar grandes conclusões quanto a esta matéria. Se bem que os grandes prejudicados são as editoras. As bandas vivem ou sobrevivem maioritariamente dos concertos. O facto das pessoas terem o teu disco gravado ou original, não vai mexer nessas contas. O que poderá começar a acontecer é deixar de haver tantas editoras a lançar discos e aí sim, as bandas acabam por se prejudicar porque vais ter mais bandas sem editora, factor que vai fazer com que não consigam atenção por parte da imprensa escrita, por exemplo. Porque na realidade, um álbum editado, hoje em dia, não é mais que uma prova viva de que a banda existe e que está ali.

M - Que fazem actualmente os If Lucy Fell? Quais os próximos passos e que mais podemos esperar de vocês?

ILF - Neste momento estamos a escrever o segundo longa duração. O processo está já em fase adiantada de composição e a ideia é gravar antes/durante o verão. Não estamos a tocar ao vivo, pelo menos até este processo estar terminado, porque não nos queremos distrair neste momento importante. O que esperar? Bom, é if lucy fell, talvez menos complexo e com mais groove, mas ao mesmo tempo mais estranho.

M - Para terminar, qual o vosso personagem de banda desenhada preferido? Isto se gostam de banda desenhada! (risos)

ILF - Ned flanders (risos).

Curiosidades:

M -Porquê o nome If Lucy Fell?

ILF - Filme parvo do Ben Stiller, teoria da evolução sonoridade.

M - A formação foi sempre a mesma desde o início?

ILF - Sempre!

M - Um concerto ou concertos marcantes para os If Lucy Fell!

ILF - These Arms Are Snakes, If Lucy Fell e Riding Pânico no music box.

M- Influências?

ILF - These Arms Are Snakes, Nick Cave, Jazz, Converge, Blood Brothers, Sonic Youth, Standstill, Tiger Man, Carlos Paredes, etc, etc...

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