quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Marsupilami mudou de casa

A aventura no blogger acaba aqui e recomeça noutro sítio. Para quem já tinha actualizado o endereço, já lá vão ter, para quem ainda não o fez, por favor actualizem:

www.omarsupilami.net

Até ja!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

AGENDA | Destaque

HMPlanoB-1

Aí está a apresentação ao vivo do álbum de estreia dos Homem Mau. Será já no próximo domingo, dia 4 de Outubro, no plano B, na cidade do Porto. Apareçam, porque esta será uma daquelas noites que nunca mais vão esquecer.

www.myspace.com/homemmau

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

OBSESSIVIDADE INTERMITENTE | 10

logoOBI[3][4][4]Intermitente vontade de querer ser.

Nós sabemos dos outros, sabemos sempre dos outros, pensamos sempre dos outros, mas de nós muito pouco. Ninguém se lembra do tão pouco que fez quando mais foi preciso. Bom, desfigurações à parte. Um destes dias conheci a música dos Lua Cadillac. Apetecia-me refazer um texto que cá publiquei há uns tempos. Mas que bandão! Pena é que ninguém veja. Bom, acredito que já alguns tenham visto, mas se calhar é muito rock para a Universal e para a EMI, quer dizer, entenda-se, rock em português é sempre igual aos Ornatos. Vou só torcer um bocado a cara. Porra! Desde quando é que cantar em português soa sempre a Ornatos? Ok. Há bastantes por aí que não têm ainda direcção musical ou de vontade, que lhes diga qual a direcção que têm ou devem ou querem tomar, na sua música, mas muitos há que lá vão. Eu não sei, é que, não querendo repetir-me, lembro-me de há uns anos ter aparecido uma banda chamada Blind Zero... Espera, essa não vale, soava a Pearl Jam e Pearl Jam, mesmo quando imitado, deve soar bem... Hmmm... Bom senso, por favor. Ok, não vou partir aqui facções. Tenho bons amigos que possivelmente discordariam comigo, mas alguém consegue perceber onde quero chegar? Os Toranja (banda da qual até gosto), quando aparecem, nota-se uma clara influência e até necessidade de referência ao Jorge Palma. Métrica, composição, melodicamente falando, não? Julgo que não cometo nenhum crime ao dizer que aquilo era uma cópia, em algumas alturas, mas é isso mesmo que uma banda faz, procura. Até mesmo quando tiveram o êxito que foi “A Carta”. Nunca ninguém reparou que aquilo tem a métrica e os acordes de uma música dos Mamonas Assassinas? A minha batalha agora é no onde é que isto está certo e onde é que isto está errado. Por um lado, uma banda que procurava uma sonoridade conseguiu um contrato com a Universal (se não me falha a memória), tocou em tudo que era festival quando lançou o primeiro disco, teve concertos com 10 pessoas a ver até quando já tinham lançado o segundo disco e andam banda aí, como os Lua Cadillac, com algo novo e interessantíssimo que não têm essa oportunidade. Ora bem, isto é a título de exemplo. Nesta altura já nem pode ser dor de cotovelo por eles terem conseguido e eu não, é apenas uma constatação, certa, meus caros? Os Homem Mau, muito estimados amigos, editaram a semana passada o seu primeiro álbum, sozinhos, sem a ajuda de ninguém. Tocam para 10 pessoas muitas vezes... São inacreditáveis, uma banda como eu nunca vi igual aqui em Portugal, por muito que goste de Ornatos e de Zen e de todas as bandas que muito nos fazem sonhar no seu regresso, vejo coisas novas que ainda me fazem sonhar com a esperança de haver quem realmente ame de verdade. Sim, porque é como a crise mundial do casamento e consequente divórcio: nem todos têm de se divorciar, mas tende a aumentar isto.

Domingo, véspera de feriado, apresentação do álbum de Homem Mau no Plano B, Porto.

Davide Lobão | www.myspace.com/chemicalwire

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 6

historiasCenas dos Aqui D’El Rock, contadas pelo baterista José Serra

Há uma situação que eu posso contar porque é muito original: É de um concerto que fizemos com os UHF e os Faíscas numa discoteca de Alvalade, que há muito deixou de existir, e que dava pelo nome de “Brown’s Club”. O espaço era extremamente exíguo, não havia palco, tocávamos na própria pista onde o público se misturava com os músicos, numa enérgica interacção, que incluía tocar baixo a 4 mãos, bateria “à chapada” e muitas outras intervenções “originais”. Para contrastar, o único sítio onde ainda se ia vendo algum espaço, situava-se junto às nossas colunas de vozes, imponentes e brilhando como novas. Este estranho mistério ia sendo, progressivamente, desvendado pelos infelizes e incautos recém-chegados que, empurrados pelos espectadores já “experimentados”, descobriam rapidamente, às próprias custas, que as magníficas colunas, pintadas de fresco e de preto para a ocasião, constituíam autênticas armadilhas, adornando-lhes as vestimentas “de festa” com manchas escuras e viscosas. Tal foi o caso de uma jovem, vestida com uma imitação de pele, que entrou “leoparda” e saiu “pantera negra”.

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VIDEOCLIP | “Mr. Ocean” – Blind Charge

Os Blind Charge não param! Depois da edição do primeiro trabalho da banda no início do corrente ano - o fabuloso e promissor EP “Pieces Of A Black Box” – a banda portuense congratulou os seus fãs com mais um novo tema, “Mr. Ocean”. E como não bastava “dar” apenas mais uma música, o poderoso Mr. Ocean vem acompanhado por um não menos interessante videoclip, este realizado por António Conceição e edição de António Conceição e Telmo Martins. Para ver e ouvir até à exaustão.

www.myspace.com/blindcharge

NOTÍCIAS | “Pelo Lado de Dentro” nas Lojas

HM

É HOJE! Finalmente está nas lojas o álbum de estreia dos grandes Homem Mau. Depois de alguma espera, valeu a pena. Para o Marsupilami é um dos grandes lançamentos do ano, e será certamente um dos álbuns a marcar 2009. Para ser sincero, para o Marsupilami está encontrado o álbum do ano. Com o título “Pelo Lado de Dentro”, o mesmo é constituído por 12 faixas, 12 setas apontadas ao nosso coração, que o fará explodir, e isso é bom. Ouçam-no - no Myspace da banda - e comprem-no. Vale bem a pena!

Myspace dos Homem Mau

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NA GRAFONOLA DO MARSUPILAMI | Ludo

Agora que começa a arrefecer, o Marsupilami decidiu ir até à região mais quente do país, ou seja, Algarve. Mais precisamente a Olhão, onde pudemos encontrar um projecto de ritmos amenos e doces. Chamam-se Ludo e editaram em Abril do corrente ano o seu primeiro trabalho, o EP “Nascituro”, ponto de partida para a conversa que se segue.

LUDO_CarimboAntes de mais, quem são os Ludo?

Os Ludo são Davide dos Anjos – Voz e guitarras; Paulo Conceição – Baixo; Nuno Campos – Teclados; João Baptista – Voz e guitarra; Filipe Kabeçadas – Bateria.

Como e quando é que este projecto nasceu?

Nasceu em  Agosto de 2005. Quando o Davide e o Nuno Campos decidiram juntar-se para formar um novo projecto, em português, livre de fórmulas e com abertura a todas as sonoridades. Chamaram então os restantes membros para dar forma ao projecto, desde o início sentimos uma forte ligação musical e começámos logo a trabalhar em algumas boas ideias.

Foi editado o vosso primeiro trabalho intitulado “Nascituro”, e do qual já roda o single de apresentação. Como tem sido o feedback ao mesmo, e no geral, ao vosso som?

O resultado tem sido bastante positivo, estamos contentes, pelo facto de termos já muitos  feedbacks, temos tido muitas visitas e muitos “plays” no nosso myspace, bons comentários do público em geral e nas redes sociais da internet (myspace, hi5, etc), rádios, até agora, muito bom.

Como caracterizam “Nasciturno”?

O “nascituro” é um disco com 6 canções originais, escolhidas entre outras para este lançamento. Foi gravado e masterizado no Algarve pelo produtor Luís Guerreiro no estúdio Exit One em Loulé, acreditamos que temos lá bons temas, com mensagens interessantes e boas histórias, que transmitem alguns pensamentos e divagações, mas principalmente todos os temas transmitem algo, nós tentamos dar sempre uma enorme importância a cada tema que construímos, sentimento, muito sentimento…

CAPA CD - oLUDO Nascituro

Onde se inspiram os Ludo?

Os ludo são 5 pessoas completamente diferentes, com gostos musicais completamente diferentes. Apesar disso, neste momento e com base na nossa forte relação, conseguimos evidenciar  já uma fonte de inspiração comum que é perceptiva na  sonoridade muito própria que a banda aplica a todos os temas.

Estão agora na fase da divulgação, talvez a fase mais complicada. Têm sentido dificuldades nesse campo?

Claro que sim, as dificuldades são muitas mas a nossa vontade sobrepõe-se. Acho que temos conseguido abrir portas que não estaríamos á espera de abrir, isto acontece porque temos a sorte e a oportunidade de trabalhar com pessoas que, acreditam tanto no Ludo como nós. É uma excelente equipa.

Ainda no campo da divulgação, a internet é actualmente um instrumento precioso - indispensável até – para a promoção de uma banda. Concordam com esta afirmação? E, qual a vossa opinião em relação à importância que a internet tem tido sobre a música?

A net hoje é imprescindível! Tem uma importância muito maior do que possamos pensar à partida. Principalmente para as bandas novas sem editora mas também para os artistas com contratos nas majors. Acima de tudo permite a critica instantânea sem tabus. Qualquer pessoa procura, ouve, gosta, não gosta, comenta, partilha, é um mundo de oportunidades. Também no nosso caso  tem-nos ajudado a chegar mais rapidamente a mais pessoas, que de qualquer outra forma.

Acham que existem iniciativas e espaços suficientes – quer em qualidade, quer em quantidade – no nosso país, para uma banda como os Ludo se apresentarem ao vivo?

Iniciativas não, espaços suficientes sim mas pouco distribuídos geograficamente. Portugal é um país riquíssimo em auditórios, bares, teatros, festivais, semanas académicas etc. Há quantidade e qualidade, por vezes falta é vontade…  Os promotores, nomeadamente os institucionais, preferem pagar mais e contratar uma banda conhecida do que arriscar nos novos valores da música nacional. Mesmo no caso de Bandas já com 10 anos e 2 e 3 discos gravados têm dificuldades em tocar ao vivo.

Qual a vossa opinião em relação ao actual panorama musical nacional?

É muito bom em termos de composição. Graças à revolução tecnológica é hoje mais fácil para as bandas gravar e apresentar o seu trabalho sem pedir licença a ninguém. Têm aparecido nos últimos 5 anos excelentes nomes no mercado e de grande potencial (destacamos: Linda Martini, X-Wife, Mundo Cão, Bunnyranch, Tiago Bettencout, Peixe:Avião, 2008, A Naifa, Deolinda, etc…)  e os mais conhecidos também têm dado cartas com grande qualidade no mercado ao nível de DVD’s ao vivo (Gift, David Fonseca, Clã, Xutos, entre outros). Resumindo, apesar da crise, os media têm nos últimos anos muito mais diversidade para apostar.

E em relação ao actual estado do país?

É uma pergunta difícil. O que dizer da nossa pequinês num mundo tão globalizado? Apenas isto, nós portugueses somos bons em todas as áreas e estamos convictos que evoluímos muito na ultima década.  Vamos enfrentar graves problemas sociais e financeiros em face do desemprego mas saberemos ultrapassar a crise de cabeça erguida. Face à nossa dimensão temos a vantagem de não estarmos tão expostos como muitos países da união europeia, não crescemos tanto como os outros mas em contrapartida também não colocamos em risco os nossos pilares económico-financeiros. Se resolvermos o problema da justiça estaremos preparados para enfrentar o futuro.

E agora, quais os próximos passos dos Ludo?

Depois do lançamento, o objectivo é tocar, em todo o lado. Levar o concerto até onde conseguirmos. Paralelamente estamos em fase de composição de novos temas para que possamos preparar com realismo o nosso próximo trabalho discográfico.

Uma última questão: qual a vossa personagem preferida de banda desenhada? 

O Zé Carioca e o coyote (aquele do bip bip).

1RGBCuriosidades:

Como surgiu o nome Ludo?

O ludo é uma reserva natural no Algarve que está inserida no parque natural da Ria Formosa.

Influências?

Diversas, basicamente tudo o que for boa música.

Bandas nacionais que têm ouvido?

Todos os clássicos bem como as várias bandas que destacamos quando falámos no actual panorama musical nacional.

Myspace dos Ludo

Blog dos Ludo

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 5

historias450[8]Cenas dos Arte & Ofício, contadas por Sérgio Castro

Não deixa de ser curioso constatar que em 1978 o máxi -single ‘Come Hear The Band’ (um 12” em 45 RPM) vendeu 4 mil cópias num mês, foi top de vendas em Portugal (qualquer banda internacional vendia menos que nós, por essas alturas) e foi Hit Pick n.º 1 da revista americana Bilboard. Sei por outro lado que a editora dos primeiros quatro discos dos A&O, não só já não têm os direitos sobre a obra, como nem sequer sabe onde ela pára.

Sem me alongar em exposições, recordo quando tocámos na zona de Castelo Branco e nos interromperam sistematicamente o concerto com uma tômbola. Como tínhamos comido muitíssimo bem e bebido melhor, quando nos apercebemos que era tradição da terra, acabámos numa amena conversa em público com o responsável da tômbola – ele com com os seus altifalantes/corneta e nós com o sistema de PA. Algo realmente “sui generis”. Outra vez, só não recordo se foi na Guarda, na Covilhã ou noutra cidade beirã, chegamos para tocar num concerto em que também tocavam os Tantra e não havia nem palco nem promotor, só o pavilhão. Este tinha desaparecido com o dinheiro já angariado com a venda antecipada das entradas. Eu, o Fernando Nascimento e o Garcez, apanhámos o tipo escondido numa discoteca próxima e, apesar de ter sacado de pistola, o indivíduo acabou manietado e nós com a pasta da ‘pasta’. Como não havia palco, muita gente já tinha pago e havia ainda mais para assistir ao concerto, decidimos, conjuntamente com os elementos dos Tantra, levar o concerto para diante e dividir o ‘cacau’. Obviamente montamos tudo no chão e num tempo recorde. E afinal creio que o concerto nem saiu nada mal. Seguramente há muitas mais e mais divertidas.

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

OBSESSIVIDADE INTERMITENTE | 9

logoOBI[3][4][4]O Tony é que sabe.

Pergunto-me se há alguma banda em Portugal que encha o Pavilhão Atlântico. Pergunto-me se há alguma banda em Portugal que seja digna de um culto, sistemático por todo o mundo, de movimentar multidões para verem as sua actuações - claro, tenho que não contar com o Tony Carreira, porque esse movimenta mesmo multidões. Ainda o fim-de-semana passado, em Ermesinde, transformou aquela pequena cidade num espaço digno de um festival. No dia anterior estive lá a ver José Carlos Pereira e Cazino e teria cerca de 1000 pessoas, na mais optimista das opiniões. No dia a seguir foi realmente impressionante. Passei lá pela uma da manhã, vi pessoas a regressarem com o banquinho debaixo do braço, famílias a irem para casa, vi também a mãe, a filha e os três filhos da filha no café, à uma da manhã. Muito podemos concluir, daqui. Se é o Tony Carreira que enche realmente qualquer sítio, é de música ligeira que o país, na sua maioria, gosta. A maior fatia de pessoas de Portugal chega para esgotar e dar múltiplas platinas quando lança um disco. Não podemos nunca discutir a qualidade musical, neste caso, porque aí estaríamos a discutir gosto e isso é ridículo, neste momento, pois discutiria comigo próprio e depois vocês, que lêem estes textos, não discutiriam com ninguém, limitariam se a ignorar. E é mais uma vez a apatia a liderar. É a apatia geral. O povo sai à rua para ver o Tony mas nós não saímos à rua para ver as bandas que gostamos. Temos alguma vergonha de demonstrar a nossa simpatia pelo que quer que seja. Fica mal. Ou é a debandada geral para algum lado, tipo festival de verão, onde nos vamos entupir de coisas com meia dúzia de amigos, que a maior parte das vezes conhecemos mal, onde aproveitamos o pouco dinheiro que se gasta para fazer disso férias, ou então, sempre que seja mais que 0,1 euros que se pague ficamos em casa, porque não temos dinheiro e o tabaco e jantar fora, não é compatível com a maior parte dos concertos. Mas já só vai lá com um estudo sociológico e uma lavagem cerebral, caso contrário teríamos que acordar amanhã e a mentalidade ter mudado radicalmente. Dizem que em 2012 vai haver uma mudança grande a nível de consciência. Tomara que sim, que o ser humano evolua. Nós por cá, ainda nos custa mais do que o que conhecemos. A seu tempo, a seu tempo.

Davide Lobão | www.myspace.com/chemicalwire

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

NA GRAFONOLA DO MARSUPILAMI | JED Dickens

Jed Dickens. Um trio de amigos, que resolveu realizar um sonho. Tendo os fins-de-semana ocupados pelos seus concertos, Paulo Emperor numa segunda-feira, teve uma conversa bem animada com este trio de jovens músicos. Com melodias que facilmente “entram” no ouvido, os Jed tentam ultrapassar as barreiras e chegam mesmo a tocar além fronteiras. Uma banda alentejana de gema, que editou no dia um do corrente mês o primeiro trabalho da banda, o EP “For Some Clowns” que recomendamos vivamente.

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Acho que a primeira pergunta que se impõem é, porquê o nome Jed Dickens?

Eduardo (E) – (risos)

Daniel (D) - Respondo eu?

João Canhão (JC) - Pode ser. (risos)

D - A ideia surgiu do Canhão que disse isto, mais ou menos: "vamos arranjar um nome à carga que fique fixe". E foi aí que surgiu Dickens do escritor Charles Dickens, e JED são as nossas iniciais.

Uma ideia original. Há quanto tempo existe a formação?

JC - Cerca de um ano e pouco…

E - Um ano e uns mesitos, desde 15 de Dezembro de 2007, é não é?

D – Sim, os primeiros ensaios foram mais ou menos em finais de Dezembro de 2007!

São apenas três elementos? Qual a "função" de cada um?

E - Inicialmente éramos quatro, tínhamos mais um guitarrista, e nessa altura era o Daniel na voz principal e guitarra e o outro guitarrista fazia os coros, no entanto, por uns motivos teve de sair da banda e desde aí temos esta formação. Neste momento sou eu na bateria e coros, o João no baixo e coros e Daniel na guitarra e voz principal.

Sendo de Elvas, é fácil a divulgação do vosso trabalho?

D - Hum... não é assim tão fácil, isto é, na nossa cidade apenas existe um bar concerto que nem sequer faz concertos frequentemente. A divulgação do nosso trabalho tem vindo a ser, desde que gravamos os nossos primeiros três temas já este ano, o myspace que foi uma grande ajuda para os concertos que temos agendados. Elvas tem a vantagem de ter Espanha bem perto, é um "sítio" que ainda estamos a explorar a pouco e pouco.

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Então têm dado uns concertos em Espanha? Pelo que percebi, e tenho acompanhado a vossa banda, os vossos fins-de-semana têm sido a dar concertos, é só uma fase?

JC - Por enquanto, só tivemos um em Espanha, no Familyfest em Albuquerque, e já temos outro agendado para o mesmo sítio o Albuquerquerock. Nos fins-de-semana graças a deus temos tido vários concertos, e quando não temos aproveitamos para ensaiar.

Mas os concertos dados têm sempre sido por essa zona, ou já foram a outros pontos do país?

D – Sim, mais por esta zona, mas como o João já referiu já fomos a Espanha tocar e voltaremos lá ainda este ano. Aos poucos temos saído mais para fora, já estão confirmados concertos em Évora, Portalegre, Alcobaça e Porto (no próximo dia 11 na Casa Viva e dia 12 na Fábrica do Som), ainda vai surgir Lisboa e Loulé, mas ainda não temos datas definidas!

Os vossos concertos não se resumem a três temas, suponho…

JC - Não claro que não, actualmente temos cerca de 12 temas originais, nos concertos toca-los todos, ou não, depende do tempo disponível para a actuação.

E - Temos 16 temas originais! (risos)

E covers, fazem alguma para agradar os fãs e chamar público?

E - Fãs? (risos) Disso não temos… (risos)  Neste momento costumamos tocar um “meadlezeco” de Jet, Nirvana, Artic Monkeys e Ramones, mas já tocamos vários como The Hives, Blur, levamos sempre um “coverzito” para agradar a malta. Agora, tivemos então a ideia do meaddle e estamos a pensar fazer uns poucos para tocar no final e não repetir sempre o mesmo.

D - Desde sempre acho que para nós os três a banda principal é Nirvana, ouvimos um pouco de tudo, mas a nível de bandas talvez, Nirvana, Ramones, Arctic Monkeys, The Hives, Fu Manchu, The Cramps, etc, ou seja, temos influencias de bandas anos 80 e 90 e de bandas que são mais recentes o que faz uma mistura de sonoridade muito fixe.

Que tipo de comentários têm recebido sobre o vosso som?

E – Bons! Por acaso não estávamos nada à espera.

D – Sim, realmente bastante positivos.

JC - Normalmente o público tem gostado, tanto a nível do som como da nossa presença em palco.

Vá confessem lá, tornaram-se músicos por causa das miúdas, ou é mesmo gosto pela música? (risos)

JC – Claramente, pelo gosto pela musica…

D - Sim pela música, mas as meninas ajudam muito! (risos)

E - Pela música, mas música e miúdas, vá as duas, não pela música e pelas miúdas, não pela música…

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Até onde acham que podem chegar?

D - Isso é algo que realmente ainda não pensamos. Pensamos no presente, queremos é tocar por todo o lado mostrar o nosso trabalho, chegar mais longe só o tempo o dirá. Mas não é algo que nos preocupa agora.

Para finalizar o que querem dizer aos fãs que vão ganhar, depois desta entrevista?

D - Meus caros, (risos) esperamos que recebam o que queremos transmitir, e garanto que vamos ter sempre a mesma energia e humildade que temos, desde o primeiro dia!

E - Oiçam Jed Dickens. (risos)

JC - Que continuem a acompanhar o nosso trabalho, e esperamos encontra-los pelos concertos que por aí forem aparecendo…

Myspace dos JED Dickens

Blog dos JED Dickens

Entrevista por Paulo Emperor | Director do blog Pedra de Metal | www.pedrademetal.blogspot.com

terça-feira, 1 de setembro de 2009

NA GRAFONOLA DO MARSUPILAMI | The Weatherman

Desta vez a viagem é até Vila Nova de Gaia, cidade natal de Alexandre Monteiro, aliás, The Weatherman, um genial compositor de verdadeiras e mágicas melodias às quais o comum dos mortais resolveu rotular de canções. Prova disso, são os dois álbuns editados por The Weatherman, o primeiro em 2006 de nome “Cruisin’ Alaska”, o segundo já em 2009 de nome “Jamboree Park At The Milky Way”. E foi precisamente este último - diga-se de sua justiça - fabuloso trabalho, que serviu de pretexto para a conversa que se segue…The Weatherman finalPara quem (ainda) não te conhece, quem é The Weatherman?

É um rapaz, Alexandre Monteiro, que escreve umas canções sobre o amor, o cosmos e o sol.

Podes nos contar um pouco da história deste projecto?

Começou em 2005, altura em que enviei uma demo gravada em regime solitário para algumas editoras independentes. Acabei por gravar um álbum para uma editora chamada monocromática, de Lisboa. O disco, “Cruisin’ Alaska”, foi editado em Fevereiro de 2006.

Este é o teu segundo álbum de originais. Que diferenças e/ou semelhanças existem entre ambos? Este teu trabalho é uma continuação do anterior ou é um novo capítulo?

Definitivamente é um novo capítulo. Não gosto de repetir fórmulas de disco para disco, e se no anterior, gravei tudo sozinho, neste apeteceu-me dirigir outros músicos. O disco foi gravado com o intuito de soar a uma banda a tocar num espaço grande, e não houve lugar a electrónica, característica que abundava no disco anterior. Fiz questão em que todos os instrumentos fossem tocados ao vivo.

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Podes desvendar um pouco do que podemos encontrar em "Jamboree Park At The Milky Way"?

É um disco composto unicamente por grandes canções, com alto espírito de celebração. Costumo dizer que é uma espécie de cançoneteiro para ser entoado em qualquer acampamento com vistas privilegiadas para o espaço sideral.

Quais são as tuas expectativas em relação a este trabalho?

Encontrar cada vez mais gente que se identifique com a minha música. Dar grandes concertos. Marcar verdadeiramente as pessoas.

O que esperas que as pessoas tirem deste teu último trabalho em particular?

Espero que tirem sobretudo o sentido de celebração iminente que as canções deste disco transportam consigo.

Como funciona o teu processo de composição, onde vais buscar a inspiração para criares as tuas canções?

Normalmente as músicas saem-me naturalmente, e eu percebo logo quando as coisas têm potencial. Na verdade qualquer coisa me pode inspirar, por mais insignificante que pareça pode dar origem a uma grande canção, e gosto sobretudo de pegar em temas que mais ninguém se lembrou de escrever sobre.

Qual a tua opinião em relação à importância que a net tem tido sobre a música, os downloads, a partilha/pirataria. Achas que poderá trazer mais vantagens, ou mais desvantagens para um projecto como The Weatherman?

É possível que até tenha mais vantagens para mim do que desvantagens. A pirataria faz parte da realidade neste momento para toda a música. As novas gerações estão a crescer com a mentalidade de que toda a música deve ser adquirida sem pagar um tostão e isto não é positivo. Para alguém que tem o culto do objecto, como eu, isto entristece-me um pouco. Mas por outro lado, se não fosse a pirataria haviam muitos discos que eu nunca iria ouvir. Acho que as editoras grandes é que estão em maus lençóis. Eu criei a minha própria editora e vou editar o disco a contar de antemão que os discos vão servir mais como manobra de promoção do que para encher os bolsos. Quer a coisa corra mal ou bem, pelo menos sou livre, não me vou sentir escravo de nenhuma editora, e isso nos dias que correm, é muito importante.

Que achas do actual panorama musical nacional? Tens estado atento?

Confesso que não. Desde há um ano para cá o trabalho tem sido tanto que tenho tido pouco tempo para conhecer novos discos.

E do actual estado geral do nosso país?

Tento não pensar muito nisso. Muitas vezes faço questão em me alienar de algumas coisas.

weathermanpress2E agora, o que se segue? Quais os próximos passos de The Weatherman?

Lançamento do disco a 20 de Abril. Jamboree Park Tour com o maior número de datas possível.

Uma última questão: qual é a tua personagem de banda desenhada preferida?

O Batman. Ainda ontem o confundi com uma freira, na rua.

Curiosidades:

Como surgiu o nome The Weatherman?

Alguém me falou de uma organização que existiu nos anos 60, que tinha como guru o Timothy Leary chamada The Weatherman. E eu, que sempre gostei de nomes que pudessem ter significados diferentes, achei piada e ficou.

Quais são as tuas influências?

Aprendi tudo a ouvir os Beatles e os Beach Boys, depois há muitos nomes que giram em torno desses que vou ouvindo... mas cada vez mais tenho menor necessidade de ouvir música de outros para fazer a minha.

Bandas nacionais que tens ouvido?

Não me recordo. Tenho ouvido algumas coisas sobretudo na rádio...

Myspace de The Weatherman

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 4

historias450Cenas dos Ananga- Ranga, contadas por Manuel Barreto

Para mim há com certeza histórias interessantes que no entanto para o público em geral pouco ou nada significarão. No entanto levava-nos, por amor à arte, a fazer arriscadas “operações” das quais nunca mais nos vamos esquecer. Ainda a respeito do facto de os instrumentos e aparelhagens musicais serem, nos anos 70, extremamente caros; obrigava, os que queriam e teimavam em exercer a actividade, a acções que implicavam ir buscar as ferramentas necessárias ao estrangeiro o que, implicava manobras de risco e fazia de nós verdadeiros aventureiros. Acreditem ou não, arriscámo-nos várias vezes a ir dentro..

Exemplo: uma Fender Twin Reverb custaria cerca de 400 dólares nos E.U.A., que ao câmbio da altura daria por aí cerca de 15 a 20 contos. Em Portugal, poderíamos multiplicar por 4 ou 5 para saber quanto iria custar cá. Resultado: tínhamos de o trazer de fora se o quiséssemos.

Claro que a solução era tirar partido da carteira profissional de músico, e nós tínhamos (infelizmente deixou de ser importante), e ir ao estrangeiro comprar por um preço mais acessível, aproveitando por exemplo quando e se fossemos actuar para os emigrantes. Mas, depois, punha-se outro problema. As transferências bancárias não eram como hoje.

Levar dinheiro para fora do país, mais de 20 contos era proibido, o resultado era que até nas pastas de dentes o dinheiro tinha de ir “enroladinho” e depois chegado ao destino parece que estou a ver um estendal de notas a secar porque tínhamos de as lavar! Tresandavam a flúor! Espero não ir dentro por fazer esta confidência. Parece que estou a ver a cara dos empregados das lojas a contarem o dinheirinho que mais bem cheirava no mundo!

Também fizemos ida e volta a Londres numa carrinha Mercedes que não andava a mais de 50 km à hora para trazer um PA que não tinha mais de 2000 Watts, mas era o possível financeiramente.

O êxito que inegavelmente o Ananga-Ranga alcançou teve um sabor muito especial pois tivemos de, além de músicos criativos, ser malabaristas com várias manobras tipo das que descrevi anteriormente, inventando toda uma série de artimanhas para poder tornar realidade o sonho de cinco músicos.

E conseguimos.

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

OBSESSIVIDADE INTERMITENTE | 8

logoOBI[3][4]

Rigorosamente nada a ver com o que se pretende.

Hoje sou apenas um caso de pouca pele morena e de vontade de dormir. Preocupações à parte, comida à parte, muito sol, muito pouco de televisão aos potes. Passeios, coisas inúteis – férias. Talvez seja esta a altura do balanço do ano, é como o final do ano lectivo. Há já um ano que embarquei numa outra viagem para a viragem mas desde lá até aqui não ganhei aquele dinheiro que parece que as pessoas ganham. Se calhar escolhi mal a área. Ontem passeie-me na marina de Vilamoura. Acho que o parque de estacionamento está cheio, para os iates. Alguém sabe quanto custa um iate? Ah, e não me parece que os mais ricos do mundo parem todos cá, mas admito, embora não esteja como noutros anos há muito inglês. Está bom aqui. Admito que é igual ao Porto, toda a gente procura divertir-se. É como a baixa do Porto só que com mais calor, mais turistas e mais lojas com coisas inúteis ou seja, completamente diferente, mas num exercício mental, bastante parecidos. Aqui há aldeamentos, restaurantes, piscinas, gente em tronco nu, miúdas semi despidas, estrangeiros bastante vermelhos e as mesmas músicas de sempre. Mambo nº 5 e Macarena style. Talvez a adição importante deste ano seja a Billie Jean, do Michael Jackson. E é estranho, as pessoas procuram todas o Algarve para férias. Praia, calor, animação. No resto do ano, trabalho. Incomoda-me este pensamento. Se calhar é por ter um trabalho pouco convencional e não ter emprego. Sim, trabalho tenho com fartura, emprego é que nem vê-lo.

Por cá vê-se também música ao vivo, acima de tudo música para entreter estrangeiros. Summer of 69, Are you gonna be my girl?, Born in the USA, Jason Mraz, essas coisas assim que toda a gente conhece para toda a gente estar entretida o suficiente. Por cá já se tentam fazer festivais mas ninguém aparece, ou melhor, dizem as agências noticiosas, que esteve fraco. Mas vê-se uma coisa muito interessante. Os bares, para chamarem gente põe raparigas e rapazes a angariar clientes. Andam na rua, oferecem flyers. Uma prática comum, toda a gente conhece, mas aqui, sítios que vivem destas épocas altas, não se poupam a esforços de ter mais e mais clientes. Ora bem, trabalhamos (eu e mais meia dúzia de malucos em Portugal) nesta área das artes e do entretenimento (julgo que não ofendo ninguém ao dizê-lo) e investe-se imenso na internet e sair à rua, onde estão as pessoas, faz-se pouco. As ruas estão cheias de ladrões, diz-se, e é preciso ter cuidado. Trancar as portas, olhar sempre por cima do ombro. Cá não há problema nenhum. Até se vê, nitidamente, pessoas que tentam esquemas, assaltos e essas coisas, mas são tudo coisas de menor importância, afinal estamos de férias.

Davide Lobão | www.myspace.com/chemicalwire

AGENDA | Destaque

Nota: Para veres a ser destacado o teu concerto, adiciona a respectiva data na AGENDA DO MARSUPILAMI.

Sexta e Sábado, dia 28 e 29 de Agosto de 2009

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www.noitesritual.com/nr2009

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Sàbado, dia 29 de Agosto de 2009

pevides d..[1]

www.myspace.com/pevidesdecabaça

terça-feira, 25 de agosto de 2009

NA GRAFONOLA DO MARSUPILAMI | Luís Costa e Paula Petreca

Vivemos num mundo cada vez mais pequeno. As fronteiras, pelo menos virtuais, deixaram de existir, e é cada vez mais fácil trocar ideias e pensamentos com alguém que vive simplesmente a milhares de quilómetros. Luís Costa e Paula Petreca são uma das provas disso mesmo. Tinham um mar imenso entre eles, mas não foi por isso que deixaram de unir esforços, e criarem algo no mínimo interessante, o EP “Short Fleeting Moods”, onde ele toca e ela dança. O Marsupilami quis saber como tudo aconteceu, e esteve à conversa com os dois.

luis e paula - ensaioComo surgiu esta parceria entre vocês os dois, quando têm “apenas” um oceano (atlântico) pelo meio?

Paula Petreca (PP) - Eu andava a descobrir o myspace, e na época tinha um interesse especial por fado, e acho que por uma página devotada ao Carlos Paredes encontrei o Luís como um dos artistas relacionados, e a empatia foi imediata. Tempos depois, escrevi a ele pedindo autorização para usar suas canções em performances (no Brasil há sempre de se ter direitos sobre isso, ou então tem de se pagar coimas), e daí ele respondeu que autorizava mas que não imaginava como podiam ser dançados seus temas… Acho que isso deixou-me inquieta e o primeiro vídeo (Innocence’s Demise) foi uma “resposta” a essa questão do Luís.

Uma pergunta para o Luís: alguma vez tinhas imaginado as tuas músicas retratadas da forma que a Paula o fez?

Luís Costa (LC) - Nunca. Como a Paula disse, a minha primeira resposta quando ela me falou em dançar a minha música foi que não me importava nada, mas que não imaginava como tal seria possível. Confesso que não sou grande conhecedor de dança contemporânea, sempre pensei que fosse preciso ritmo para se dançar algo, mas assim que vi as primeiras gravações que ela fez todas as minhas dúvidas se dissiparam. E é engraçado porque é sempre uma surpresa quando vejo as interpretações que a Paula dá às minhas músicas, normalmente é sempre algo que eu nunca imaginaria. No fundo acho que é isso que me fascina, a forma como a nossa percepção de algo muda, consoante os sons e as imagens que lhe associamos.

Paula: é exactamente dessa fora, sensual e misteriosa, que sentes as músicas do Luís? E, foi algo que surgiu de imediato, ou algo que foi crescendo?

PP - Danço exactamente o que ouço, às vezes até me questiono se não estou a fazer apenas uma tradução simultânea, ecoando uma fala ao invés de conversar com ela… Mas isto é também questionamento que vem de minha dança. Sou uma dançarina em crise constante… Não sinto sensualidade nem mistério em verdade, é engraçado porque em princípio achava a música do Luís muito um fado, mas muito grunge, como se essas duas coisas pudessem ter se miscigenado. Claro que depois de um tempo, fui criando maior familiaridade, algumas apreciações foram tornando-se mais recorrentes, e a percepção de certas sintonias foi afinando o diálogo… Mas isto vai sempre se transformando, porque acho que tanto eu quanto o Luís temos grandes buscas a respeito de nossos afazeres, de modo que há sempre lugares por chegar…

Este é o teu quarto trabalho, e talvez o mais ”sério”. Concordas com esta afirmação Luís? Encaraste-o dessa forma?

LC - Não, de todo. Mais uma vez foi um fruto do acaso, da colaboração inesperada com a Paula, e a única premissa desde o início foi manter as coisas simples. A minha última demo foi bastante mais pensada e trabalhada, até porque implicou a colaboração com outros músicos, e a intenção à partida para este trabalho foi mesmo simplificar o processo e tentar conseguir o melhor resultado possível com o mínimo de meios possível. É claro que rapidamente vim a descobrir que é bem mais complicado fazer algo simples do que o inverso! (risos)

Luis e Paula - live

Sei que apresentaram este trabalho ao vivo, os dois. Qual foi a reacção do público que esteve por lá? É algo que poderá voltar a acontecer?

PP – Olha, foi muito fixe partilhar a cena com o Luís, e observar como ressoa entre o público de música a ideia de alguém dançar ali e isso ser também concerto… Eu queria experimentar isso muito mais, mas tenho maior dificuldade de fazer isso em um ambiente de dança, porque a ideia da dança contemporânea já propôs tantas formas de co-existir com a música que nada mais parece ser original… Mas o facto é que a inquietação de dançar num concerto tem também um viés muito prático: eu sou daquelas que fica sempre ao pé do palco, “saracutiando”, tapando a vista de algumas pessoas, o que às vezes isso é um tanto “pentelho” para quem vai ali para outra apreciação, então se eu vou para o palco, já não estou a tapar a vista de ninguém, a pessoa pode escolher ficar só com a performance do Luís se quiser. (risos)

LC - Para mim foi bastante estranho, porque venho de um background de concertos “tradicionais” e esta apresentação foi no contexto do espaço experimental do C.E.M. (Centro Em Movimento), o ambiente era completamente diferente de um concerto. Mas foi muito bom, acho que a pequena dimensão e a acústica da sala conferiu uma intimidade muito maior às músicas e à apresentação como um todo, e a reacção pelo menos das pessoas com quem falei foi muito boa. É definitivamente uma experiência que queremos repetir, mas ainda estamos a tentar trabalhar melhor a ideia, quer a nível da parte visual, quer a nível da parte musical com a adição de loops.

Em relação ao EP “Short Fleeting Moods” propriamente dito, como tem sido o feedback, quer em Portugal, quer no Brasil? Têm divulgado por lá também?

LC - Tem sido bom, principalmente tendo em conta a pouquíssima promoção que eu faço! (risos) No dia a seguir a ter posto o EP online, fui contactado por uma loja online do Japão com o intuito de o vender por lá, que foi das coisas mais surreais que me aconteceu a nível musical. A nível de downloads da última vez que me informei já andava perto dos 500, o que é muito bom tendo em conta que não faço promoção ao vivo do disco.

PP - Eu até agora estou estupefacta com a ideia de que isso está a venda no Japão… E também muitos colegas meus que nos viram actuar juntos, acabaram por se interessar pela música do Luís, de modo que distribuí uns álbuns… Para o Brasil propriamente dito, só enviei algumas cópias à minha irmã (que é uma grande produtora e divulgadora), mas tenho uns amigos que tem por lá labels, aos quais ainda não tive tempo nem organização para enviar nada, de modo que é capaz de ficar para fazer essa distribuição só mesmo quando eu voltar.

Há uma pergunta incontornável a fazer à Paula: quais são as maiores diferenças e semelhanças, musicalmente falando, entre Portugal e Brasil?

PP - Eu sempre penso muito nisso… Acho que as semelhanças e diferenças são muito relacionadas e andei pensando se isso não tem a ver um bocado com o modo como a cultura (local daqui e de lá) foi exposta à cultura estadunidense… Porque eu ouço o Luís, o Azevedo Silva, os Dead Combo, o Nuno Rancho, o Noiserv; e ouço isso se calhar porque tive um dia ouvidos de Nirvana, Jeff Buckley, Ennio Morricone, Carlos Paredes… E assim também é como eu aprecio meus compatriotas Hurtmold, Polara, Los Hermanos, Totonho e os Cabra, Cidadão Instigado (etc. …), vai ver porque me chegam aos ouvidos, que um dia já ouviram Black Sabbath, Smashing Pumpkins, Strokes, Roberto Carlos, Noel Rosa, música de umbanda…. Não sei se consigo ser directa sobre isso, porque não é algo simples como causa e consequência, mas é como se as informações a que eu fui exposta direccionassem-me para um hábito de apreciação que possibilita-me navegar através de géneros com alguma coerência estilística, que é muito pessoal… Mas pá, em termos de cena… Bom eu era de São Paulo, que é uma cidade muito grande, então a dinamicidade é maior, e eu via as bandas e músicos se articulando uns com os outros para viajarem o país, irem tocar noutros lados, trazerem também os camaradas de longe para tocar para nós, isso é algo muito fixe que vejo acontecer por lá, essa circulação, que aqui ainda não vi muito…

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Qual a vossa opinião em relação ao panorama musical nacional?

LC - Penso que já me tinhas feito essa pergunta numa entrevista anterior, e a minha resposta continua a ser a mesma: é a melhor fase que me lembro de viver na música nacional, pelo menos a nível criativo. Estou constantemente a descobrir novos projectos com uma qualidade incrível, e felizmente a geração mais nova parece andar mais atenta ao que se vai passando na música nacional. Para além disso, é bom ver que alguns projectos que começaram pelo underground têm conseguido extravasar para um público maior e mais mainstream, como o caso dos Deolinda e dos Peixe: Avião, por exemplo.

PP - Eu me surpreendi muito com a diversidade de propostas, e também com a fertilidade criativa dos artistas, mas também eu não tinha informação actualizada sobre a música portuguesa, sabia de cá dos fadistas e desta tradição, e acho que nada para além disso. No entanto, acho pena que essa inovatividade da cena independente reverbere pouco para a música de massa, posso estar enganada, mas o que se vende nos destaques nacionais da Fnac, ou outras lojas do género, retrata um amálgama mais homogéneo e previsível do que há por aí… Mas isso acontece também em meu país, e se calhar no mundo todo.

Que projectos nacionais têm ouvido?

LC - Tenho ouvido muito o Noiserv, que lançou para mim um dos melhores álbuns de 2008, continuo a ouvir bastante o álbum dos Deolinda, o Nuno Rancho, os Pontos Negros… para além disso, durante o dia vou “saltitando” muitas vezes de myspace em myspace e acabo por descobrir coisas novas muito boas; a minha mais recente descoberta foi o Nuno Mar, que tem músicas ambientais lindíssimas.

PP - Já mencionei o Azevedo Silva, os Dead Combo, o Nuno Rancho, o Noiserv… Uma amiga deu-me um mp3 carregado de cantores populares como o Zeca Afonso e o Rodrigo Leão, e tenho gostado de algumas coisas… Estive também em alguns concertos que gostei muito como o da Lula Pena com o Norberto Lobo, e os Farrafanfarra. Confesso estar muito curiosa sobre a música pimba, porque às vezes apetece-me divertir um bocado com músicas mais chulas.

Há uns tempos, por alturas de “…So Said The Mute”, perguntei-te para quando um álbum. Já mudaste de opinião?

LC - Já mudei, e já voltei a mudar de novo para a opinião inicial! O meu projecto a solo de momento está em standby (à excepção das experiências com a Paula para uma nova apresentação ao vivo), porque formei uma nova banda com o Afonso Cabral e Salvador Menezes dos V.Economics, e portanto os meus esforços de composição estão concentrados exclusivamente nesse projecto.

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E agora, que podemos esperar num futuro próximo de vocês os dois?

PP - Mais vídeos de certeza, e pelo menos um concerto antes de eu ir embora… (risos)

LC - O que a Paula disse… e da minha parte, espero lançar uma demo/EP com a nova banda ainda este ano, e começar a apresentar o projecto ao vivo.

O Hiro Nakamura ainda se mantém como a tua personagem favorita de banda desenhada, Luís? E a tua Paula, qual é?

LC – Sem dúvida, até porque nesta nova temporada do Heroes ele é a única coisa que se aproveita no meio daquela salganhada toda! (risos)

PP - Eu sempre gostei muito da Turma da Mónica, e tive vários favoritos daqueles personagens ao longo da vida… Estou numa fase muito Chico Bento actualmente, meu favorito… (risos)

Myspace de Luís Costa

Myspace de Paula Petreca

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PODCAST | XXIII | 23 de Agosto de 2009

Cá está o podcast – e respectiva playlist – da mais recente edição d’ O Marsupilami, que aconteceu precisamente ontem, domingo! É só clicar aqui e ouvir…

NEMESIS Radio

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

AO VIVO | 2º dia do Festival Souto Rock | 11JULHO2009

Critica ao segundo dia do Festival Souto Rock que aconteceu a 11 de Julho do corrente ano, por Edgar Costa (texto) e Pedro Cola (fotos).

Roriz é uma aldeia do concelho de Barcelos, minhota quanto baste na arte de bem receber e no paladar do seu vinho verde. O Souto Rock sem Roriz não é nada e vice-versa de modo que cada ano que passa o festival excede as expectativas e este ano a segunda noite do festival foi sem dúvida um enorme sucesso. A afluência de público, o ambiente, os nomes do cartaz e a entrada livre.

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Por volta das 22h30 os barcelenses Indignu abriram as hostilidades. De facto, surpresa é a primeira palavra que apetece dizer para quem conhece o passado da banda. Agora em formato quarteto a banda viaja pelo progressivo, pelo post-rock e pelo psicadélico e ainda ousa construir excelentes temas a partir de palavras de Valter Hugo Mãe, como é o caso de “Duzentas P.P.U.M.M”. Tema esse, que segundo a banda fará parte do primeiro longa-duração. Uma excelente actuação de aproximadamente 45 minutos, não havia melhor maneira de abrir a noite.

Alt7Ouvem-se acordes rock’n’roll a agitação aumenta, e os ALTO! começam a aquecer definitivamente as hostes. O enérgico João Pimenta vai dando ritmo à sua pandeireta e os restantes músicos correspondem com riffs certeiros. Obviamente que as comparações com Green Machine surgem de imediato, ou não fosse para além do conhecido vocalista, também Bruno Costa (guitarra) membro da máquina verde. No entanto, há em ALTO! umas letras bem arrojadas, exemplo disso é o tema com que encerraram a sua prestação “10000 Candidates To Kill Obama”.

BlackBombaim7Tema esse que já contava com a colaboração de Miranda, guitarrista da banda seguinte, os Black Bombaim. E o que as duas bandas fizeram foi encaixar o espectáculo, literalmente. Sendo o baterista de ambos os projectos, a missão foi bem cumprida e quando nos apercebemos, já o power-trio instrumental estava a debitar o seu potente stoner-rock. Com uma segura secção rítmica, a guitarra torna-se rainha e senhora e faz-nos viajar tão depressa pelo deserto como pelo espaço em riffs de cortar a respiração. Nota-se que a estrada que têm percorrido lhes confere uma enorme solidez. Grande set de cerca de 40 minutos que o jovem trio apresentou.

Bunnyranch6A noite estava quente, as três primeiras bandas barcelenses não deixaram os seus créditos por mãos alheias e as cerca de 5 centenas de pessoas ansiavam pelos cabeças de cartaz, os Bunnyranch. Não iriam ter tarefa fácil, sobretudo depois da quente actuação dos Black Bombaim. No entanto, Kaló conseguiu amarrar o público e a noite era sem dúvida de Bunnyranch. Muita consistência, umas teclas deliciosas, uma guitarra com o som correcto; Pedro Calhau e “Can´t Stop The Ranch” é uma das imagens da noite. E o público foi à loucura… cenas de explícita nudez por parte de um senhor mais entusiasta, marcaram também a actuação da banda de Coimbra, que além dos temas mais recentes passou revista por alguns mais antigos, sempre com boa resposta do público. Era inevitável o encore exigido pelos presentes, e os Bunnyranch fecharam assim da melhor maneira uma grande noite de um festival que se arrisca a ser mítico nas próximas edições.

Myspace do Souto Rock

Myspace dos Indignu

Myspace dos ALTO!

Myspace dos Black Bombain

Myspace dos Bunnyranch

O MARSUPILAMI | Novo endereço

O Marsupilami tem novo endereço. Desaparece o blogspot e aparece o net. Mais fácil, mais prático, não dá milhões, mas é mais giro. Agora basta digitar www.omarsupilami.net e estão no vosso blog de música nacional preferido. Agora é só actualizarem os vossos links.

Abraço.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NA GRAFONOLA DO MARSUPILAMI | doismileoito

No regresso às conversas, o marsupilami falou com uma das grandes promessas do rock nacional. Eles são um trio da Maia, chamam-se doismileoito e editaram em 2009 o homónimo álbum de estreia da banda. Foi precisamente essa, a principal desculpa para a conversa sincera que podem ler já de seguida.

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Antes de mais, quem são os doismileoito?

Os doismileoito são três rapazes da Maia, no Porto: o Pedro, o André e o Nicolau.

Agora um pouco da história dos doismileoito, ou seja, como e quando é que tudo começou?

O Pedro e o André já se conheciam da escola secundária. Conheceram o Nicolau numa jam session duma escola de música da Maia. O Pedro, que tinha umas ideias gravadas em casa, telefonou ao Nicolau e foram ter com o André à cave dele, onde ainda hoje ensaiam. Isto foi em 2005.

Vocês tiveram uma ascensão “meteórica”, assinando mesmo por uma major, a EMI. Como é que tudo isto aconteceu?

Não sei o que temos nós de meteoro, mas chegámos à EMI através do TMN Garage Sessions, que vencemos. Um dos prémios era editar um disco pela EMI. Na editora gostaram de nós e quiseram ficar connosco mais tempo.

Uma curiosidade minha: mudou alguma coisa nos doismileoito, desde que entraram para a EMI?

Na nossa música só mexemos nós, continuamos a fazer as nossas capas e cartazes e a escolher o que vestimos. A EMI promove, divulga, arranja-nos entrevistas, exposição, parcerias, etc. É verdade que também têm o nosso bebé nas mãos, mas estamos a aprender a deixar isso acontecer: a deixar outras pessoas trabalharem pela nossa música. Aconteceu com o vídeo da 'Bem Melhor 12200074'. Custou e houve discussões, mas no fim ficámos contentes com o resultado. Entendemos estar numa major como uma oportunidade e vamos agarrá-la.

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Acabaram de colocar o vosso tão aguardado álbum de estreia cá fora, já fizeram a apresentação do mesmo em Lisboa e no Porto. Como têm corrido as coisas? O feedback como tem sido?

Estamos muito contentes porque o Musicbox estava bem composto e o Plano B esgotou. Ficou gente cá fora e tudo! Agora que temos o álbum sentimos que temos algo a defender. Antes do álbum as pessoas dificilmente nos conheciam e não podiam levar a música para casa. Agora já podem conhecer e ouvir o álbum. Além disso, temos recebido muitos comentários positivos pela internet, o que nos dá sempre muito alento.

Sobre o vosso álbum, era assim que imaginavam o vosso registo de estreia? Se alguma vez tinham pensado nisso…

Nunca imaginamos como seria. Foi crescendo e apareceu. Se tivesse sido gravado uns meses antes ou depois seria com certeza diferente. Não é premeditado… mesmo se for um bocadinho, nunca é muito controlável.

O que esperam que as pessoas tirem do vosso som, das vossas músicas?

Primeiro, que gostem das canções e que elas ganhem significado na vida delas. Que as usem como quiserem. O Tom Waits diz que as canções são canivetes suíços. Cada um encontra as funções ou significados que entende nelas. O importante é as coisas terem significado.

Onde se inspiram os doismileoito?

No dia-a-dia. Nos amigos, nos pais, nas namoradas. Mais do que em música. Mas claro que a música de que gostamos dá vontade fazer mais música. Esperamos ter esse efeito em outras bandas, também.

Sobre a língua em que cantam, o português, foi sempre a primeira escolha? E, acham que vos poderá trazer alguma vantagem, pelo menos no nosso país?

Apesar de cantar em português desde o início, na verdade temos uma música em inglês dos primórdios da banda, mas rapidamente nos apercebemos que o português era o que fazia sentido. Somos portugueses e tocamos em Portugal. As letras conseguem ir mais fundo sem as ideias serem filtradas por outra língua, e chega-se mais rápido às pessoas. Percebem-se imediatamente as palavras e a voz não é só mais um instrumento. Acreditamos que conseguimos furar melhor se cantarmos em português, apesar de isto não ser algo premeditado.

carate_650Qual é a vossa opinião em relação à importância que a internet tem tido sobre a música? Acham que trará mais vantagens ou mais desvantagens para uma banda como os doismileoito?

Nós temos: site oficial, blogue, myspace, canal de youtube, facebook, twitter, lastfm… achamos que isto responde à pergunta!

Qual é a vossa opinião em relação ao actual panorama musical nacional?

Estão a aparecer bandas novas que têm muito para dar, muito por onde crescer. Há mais coisas diferentes umas das outras e mais pessoas a cantar em português. Nós próprios ouvimos muita mais música portuguesa do que há quatro anos atrás.

E em relação ao actual estado geral da nação?

Em Portugal vai-se sempre andando…

E agora, o que se segue? Por onde passa o futuro dos doismileoito?

A curto prazo, passa por dar muitos concertos. Chegar a muita gente e ganhar experiência em palco. Melhorar o concerto, tanto para nós como para o público. E já temos alguns esboços de músicas para o segundo álbum.

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Curiosidades:

Como surgiu o nome doismileoito?

Apareceu e habituamo-nos a ele. Pode ter o significado que cada um quiser, ou nenhum em particular. Não tem nada a ver com o ano nem - porque apareceu em 2005 - com uma ideia de futuro. Não queríamos especialmente que o álbum saísse em 2008. O ano passado mudámos a forma de escrever o nome. Aparecia em números e agora aparece por extenso, sem espaços. Os números davam muita confusão nos cartazes e flyers.

Quais são as vossas influências?

No outro dia, depois de um concerto, um senhor disse que fazíamos lembrar um pouco de tudo e, ao mesmo tempo, nada em particular. É assim que queremos continuar. Individualmente e entre os três gostamos de coisas muito diferentes. Temos passados musicais bem diferentes mas caminhamos na mesma direcção.

Que bandas nacionais têm ouvido?

Tiago na Toca, peixe:avião, João e a Sombra, Foge Foge Bandido e Oioai.

Qual a vossa personagem de banda desenhada preferida?

Preferimos não responder a esta pergunta.

Myspace dos doismileoito

Sítio dos doismiloito

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

NOTíCIAS | Nova webzine nacional - VERSUS

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Existe desde este mês uma nova webzine nacional, a VERSUS MAGAZINE. Este é um projecto sediado em Ovar dedicado ao metal nacional e internacional, dando especial atenção ao underground nacional.

A primeira edição já está disponível para download gratuito e contém entrevistas a Ivo Conceição, Headstone, After Hate, Gwydion, The Dead Silent, Urban War, Mind Overflow, Square, Enchantya e Marco Rosa. Para além disso, está igualmente disponível para download gratuito a compilação “Hell On Earth” onde podemos ouvir alguns dos projectos entrevistados.

Para fazer os respectivos downloads, é só ir ao sítio da VERSUS em:

www.versus-magazine.com

sábado, 15 de agosto de 2009

OBITUÁRIO | Les Paul (1915-2009)

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Desde que me apaixonei por música, pelo rock, pela guitarra eléctrica, a Gibson Les Paul foi desde logo a minha preferida, foi aquele sonho que queremos um dia viver. Felizmente já vivi esse dia e nunca mais o esquecerei. O fabricador desse meu sonho, o Grande Senhor Les Paul, faleceu na passada quinta-feira dia 13 de Agosto, mas viverá para sempre no coração dos amantes de música rock (e não só), no meu incluído.

Sobre este Grande Senhor haveria muito a dizer, mas tenham o prazer de descobrir ou relembrar a obra, enquanto músico e inventor, e “fundador” do rock. Sem Les Paul, a música seria outra, sem dúvida muito menos colorida.

Até sempre Les Paul, e obrigado.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 3

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL

Por: Aristides Duarte

Cenas Contadas Por Luís Beethoven (dos Press, Ópera Nova e FAS)

A história interessante é a dos próprios anos 80. É, no entanto, extensa e deixo para outros, melhores contadores, espaço para a relatarem. É uma forma de me descartar de vos contar alguma coisa menos própria.

Foi um período muito interessante em que as novas gerações poderão encontrar as raízes daquilo que são hoje. Bem… mas aqui vai um pequeno texto:

Uma vez, antes de um concerto, na sala do “backstage” e já depois de algumas grades de cerveja, o João Gobern e o Ramalho (Flash Gordon) resolveram desatinar. Discordavam sobre alguma crítica menos boa acerca dos Street Kids que tinha aparecido no “Se7e”, vá lá perceber-se como. O certo é que resolveram com uma cena de pugilato as suas diferenças, (estão a ver como ficámos todos lindos, para o concerto que ia começar dentro de 15 minutos). O João Carvalhais embrulhado, o Nuno Canavarro e o Zé Carvalhosa, a sair de fininho para um lugar mais calmo, o gajo do Projecto Vida todo vestido de branco, tipo anjo em cima de uma mesa, a gritar, paz...Paz... PAZ....o Chan a retirar a guitarra do caminho, o Rui Fadigas a abrir mais uma cervejola no meio do “brelaite”e o Nuno Rebelo e o Pedro Veiga a tentar acalmar as hostes. Alta confusão… Nisto entra o professor de jornalismo e diz: - Press depressa para o palco, estão lá fora 3000 pessoas aos gritos. Lá fomos, todos amarrotados, dar o nosso primeiro concerto. Foi um sucesso!!! A seguir tocou a banda de Blues do Chan, depois os Street Kids e, finalmente, as vedetas da noite (os Trovante) que tinham acabado de fazer sucesso com o tema “Menina das Sete Saias”..... O resto da história ainda não acabou, andamos todos por aí, a fazer coisas novas...Espero que este pequeno texto inspire aqueles que estão neste momento a começar a sua própria história.

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

OBSESSIVIDADE INTERMITENTE | 7

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Havaianas no Verão.

A era é global, é tudo global. A internet diz-nos que todos podemos ter acesso a tudo, estejamos nós onde estivermos, só é preciso que haja uma ligação à Web. No entanto a escolha tende a estreitar-se sempre. Somos invadidos com escolhas feitas previamente a toda a hora. E essa escolha fizemo-la nós? Se calhar, ao olhar dos mais desatentos sim, mas pensar acerca disso dá-me uma estranha sensação de enjoo. Andei à procura de uns chinelos, qualquer coisa para se calçar quando se vai à praia ou à piscina. Fui à zona comercial mais próxima, só havia havaianas. Certo está que de muitas cores e com desenhos diferentes mas não tinha nenhum outro tipo. O que está mal aqui?

Há já uns anos que sou utilizador assíduo da internet e da Web 2.0. O facto de ter uma banda leva-me a encontrar soluções para conseguir promover e chegar até mais gente (e a história das havaianas continua). Em 2004 registei uma conta no myspace e ao longo destes últimas anos fui reparando como as tendências e as modas são mesmo importantes para atingir as massas, também na internet, que seria por excelência o meio mais liberal que existe no mundo de livre circulação de bens culturais e não só. Pois então, myspace em 2004, fotolog em 2005, hi5 em 2006 e hoje facebook e twitter. Pois agora é mais importante dizer o que estamos a fazer neste momento, não que realmente interesse a alguém mas sim porque é apelativo ter uma imagem cool, ter alguém que nos segue, ter amigos que gostariam de nos ver um dia, encontrar gente. Esta porrada de contra-sensos deixa-me sempre meio azoado, de modo que começo a achar que, no que diz respeito a divulgação online, estamos apenas a lidar com o factor sorte / moda. Tomara que o género que eu tenho seja moda um dia, senão estou realmente fodido.

Neste seguimento intriga-me a gripe A. Estou realmente intrigado com a forma como tenho visto isto a decorrer. Diz-se nas notícias que o Reino Unido é um dos países com mais casos e não há nenhum alarido daquela parte. Nas nossas notícias passam todos os dias o número de casos até agora e como combater. Em França não querem adiar o ano escolar mas já criaram um plano para dar aulas por televisão às crianças. Espero honestamente que alguém leia isto e se manifeste! DAR AULAS POR TELEVISÃO A CRIANÇAS. O futuro pode ser realmente assustador se este cultivo do medo e da influência total sobre as nossas escolhas continuar. Já não é só na música, no meio que mais me interessa trabalhar. É nesta perspectiva global de manipulação das massas e chateia-me de uma forma absurda, que a maior parte nem sequer perceba a manipulação que está a sofrer! Temos computadores portáteis, cada um o seu, temos telemóveis com internet, temos 1000 canais em casa, na televisão, e ainda assim enfiam-nos pela cabeça a dentro havaianas, gripe A e bandas que supostamente são o que devemos ouvir (não menciono nomes porque fica ao critério de cada um), o que está mal aqui? Digam-me! Hoje, nas notícias, era a ida ao Algarve que preocupa os especialistas, porque está cheio de estrangeiros e depois as pessoas quando voltarem vão trazer a gripe. Um amigo disse-me uma vez: “qualquer dia põe-nos um gajo à porta a dizer-nos que não podemos sair”. Estaremos tão longe disso? Acho que já lá chegamos. Esse gajo está todos os dias nas notícias. É urgente, isto é tudo muito urgente.

Ninguém estranha o porquê de estarmos a levar sempre com as mesmas músicas na televisão e na rádio? Ninguém estranha? Ninguém estranha nada? Também sentirmo-nos impotentes não resolve de nada. Podemos fazer muito por isso, não basta encolher os ombros.

Preocupa-me tudo isto mas felizmente temos os Biffy Clyro no Santiago Alquimista, dia 12 de Dezembro.

E para terminar: “Living is a problem because everything dies”.

Davide Lobão | www.myspace.com/chemicalwire

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

NOTÍCIAS | Álbum dos Homem Mau saí em Setembro!

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Finalmente! O aguardado álbum de estreia dos grandes Homem Mau, tem finalmente data marcada para sair cá para fora. Será a 14 de Setembro, daqui a pouco mais que um mês. Terá como título “Pelo Lado de Dentro”, e será um dos grandes lançamentos deste ano. Fiquem atentos a estes senhores.

Em forma de comemoração, deixo-vos o tema “Espelho”, um dos grandes temas dos Homem Mau, aquando da passagem da banda pelo programa MP4 do canal MVM. E com esta notícia, até me fizeram esquecer que as férias estão a acabar…

Myspace dos Homem Mau

domingo, 2 de agosto de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 2

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL

Por: Aristides Duarte

Cenas de António Garcez (Pentágono, Psico, Arte & Ofício, Roxigénio, Stick)

Com o Pentágono tive dois concertos memoráveis; um em Sintra na qual Sofia Loren e Omar Sharif estiveram presentes e outro em Vilar de Mouros onde toquei no mesmo palco com Elton John. Simplesmente fenomenal.

Com os Psico há uma história em particular e relaciona-se com um concerto em Chaves aquando do nascimento do meu filho Tiago. Quando recebi a chamada anunciando o seu nascimento estávamos todos no hotel, não é necessário dizer que demos cabo do 2.º andar do mesmo. Levou-me algum tempo a pagar os prejuízos.

Com os Arte & Oficio foram imensas as loucuras, mas a mais interessante foi um concerto na Covilhã com o pavilhão totalmente cheio. Tocámos com os Tantra. O público quase me despiu e carregou-me aos ombros num desfile. Pensando nesses dias, hoje acredito que havia mais Rock nas cidades do Interior do que nas grandes cidades do Litoral.

Com os Roxigénio, desde dar uma tareia no Beto Palumbo durante a gravação do primeiro álbum, até persuadir os fãs, em Esposende, a apedrejar a GNR e quase acabar na cadeia, passando por Coimbra no Estádio da Académica despindo-me em palco não sabendo que o presidente da Câmara estava presente, passando depois por Vilar de Mouros com um grande concerto e uma invasão de palco que mais nenhuma banda teve, incluindo os U2. Grandes e inocentes tempos.

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

sexta-feira, 17 de julho de 2009

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL | 1

 

HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL

Por: Aristides Duarte

CENAS DOS PESTE & SIDA

O Agente totó

Há um episódio hilariante, passado no distrito da Guarda, de que nunca mais nos vamos esquecer: estávamos já em momento de festa e descontracção no camarim, depois duma das primeiras actuações que tínhamos feito com os novos sistemas emissor/receptor para guitarras. Aquilo para nós era um motivo de orgulho, um avanço tecnológico porreiro. Mas nisto somos confrontados com o agente que tinha comprado o espectáculo e que se negava a pagar o “cachet”. Porquê? – Porque tínhamos sido contratados para actuar ao vivo e não para fazer “playback”! Levámos mais de meia hora a explicar que, apesar de não haver cabos ligados das guitarras aos amplificadores, tínhamos tocado realmente. Mas mesmo assim, a única maneira de convencer este agente foi pedindo ao saudoso Luís Santos, nosso primeiro “roadie”, que tirasse um amplificador, uma guitarra e um sistema “wireless” da carrinha e que os voltasse a montar. Qual não foi o espanto do senhor quando, por suas próprias mãos, pode confirmar que não estávamos a mentir. E o quanto nos rimos à socapa a presenciar aquele totó, maravilhado com aquilo enquanto passava os dedos pela guitarra e ouvia o som a ser debitado à distância pelo amplificador, repetindo com os olhos esbugalhados: - Oh carago! Que coisas do carago!

Outros tempos!!!

O disco de homenagem a Zeca Afonso

A participação dos Peste & Sida no disco “Filhos da Madrugada”, homenagem a Zeca Afonso tem uma história por trás que também nunca foi contada: é incrível que os Peste & Sida só tenham sido convidados para entrar nessa colectânea à última hora, depois dos Rádio Macau desistirem. Já tínhamos registado uma versão de “A Morte Saiu à Rua” do Zeca, versão essa que incluíamos nos alinhamentos dos nossos espectáculos, com o intuito de divulgar a importância do Zeca e da sua obra às novas gerações e seria natural que se tivessem lembrado de nós mais atempadamente. Na minha opinião, essa triste situação foi da inteira responsabilidade do nosso “management” da altura, a União Lisboa, do Tó Cunha, que não me deixa saudades nenhumas. Nunca percebeu ou nunca quis perceber a verdadeira essência dos Peste & Sida (talvez por estar nos antípodas da mensagem de intervenção política que sempre fizemos questão de manter). Penso até que esse agente foi determinante na desestabilização dos Peste quando a ganância pelo dinheiro fácil falou mais alto e o filão que prometia explorar um projecto paralelo tão inócuo e trivial como os Despe lhe era muito mais cómodo. Mas a verdade é que demos a volta por cima – apesar de termos feito uma escolha muito condicionada, (porque já todas as bandas tinham apresentado os temas mais populares do Zeca para adaptar) e “O Homem da Gaita” acabou por revelar o lado lúdico e divertido do Zeca. Depois do enorme sucesso com que fomos presenteados pelo público no antigo Estádio José Alvalade, onde se realizou o espectáculo referente a essa colectânea, apesar  das declarações ambíguas de alguns artistas bastante influentes e que, por serem quem eram, foram escolhidos para promoverem a colectânea, não perdendo a oportunidade de terem mais exposição mediática (e que não se querendo comprometer explicavam que tinha alinhado só porque o Zeca tinha uma maneira muito interessante de cantar a nossa língua, mas que não conheciam sequer a sua obra aprofundadamente) não me arrependo de ter participado com os Peste & Sida nesse trabalho. Mas, também por isso, compreendo a posição dos Rádio Macau (que como os Peste, desde cedo alinharam em tocar e divulgar o Zeca, chegando mesmo a gravar uma adaptação de “Paz, Poetas e Pombas”) em se afastar deste projecto.

Depoimento de João San Payo recolhido por Aristides Duarte

Aristides Duarte | www.rockemportugal.blogspot.com

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